Valverde explica polivalência e desabafa: 'Não nasci para jogar de lateral'

A polivalência de Federico Valverde tem sido um dos pontos mais debatidos em sua carreira no Real Madrid. Embora o jogador afirme que a posição em campo não é a questão principal, sua versatilidade, por vezes, o levou a atuar em funções distintas das suas preferidas. Essa adaptação, que já havia sido pontuada por Zinedine Zidane e Carlo Ancelotti em momentos pontuais, ganhou contornos mais definidos na temporada passada.

Com as lesões de Dani Carvajal e o estado físico de Lucas Vázquez, Ancelotti utilizou Valverde como lateral-direito, posição que o uruguaio já havia atuado em 15 das 65 partidas pelo clube. Essa mudança, que no início parecia uma solução tática, gerou uma declaração forte do jogador: “não nasci para jogar de lateral”. A afirmação contrasta com a fala anterior, sete meses antes, onde ele demonstrava certa aceitação à ideia, dizendo estar “desfrutando” da posição.

O plano era o descanso

Na véspera de uma partida contra o Kairat, em Almaty, o plano inicial era que Valverde descansasse. Apesar de ter sido o escolhido para a coletiva de imprensa, ele foi a opção do banco, uma decisão que já estava acordada devido à sequência de jogos. Fontes indicam que a intenção era poupá-lo para o confronto seguinte contra o Villarreal.

No entanto, durante o aquecimento pré-jogo, o comportamento de Valverde, que surgiu por último no rondo e depois foi visto com as mãos nas costas, gerou especulações. Para dissipar qualquer mal-entendido sobre sua dedicação, o jogador utilizou suas redes sociais para esclarecer: “De mim podem dizer muitas coisas, mas de forma alguma podem dizer que me recuso a jogar”.

A relação entre o técnico Xabi Alonso e Valverde é descrita como transparente. O jogador, por sua vez, reitera sua disposição em atuar onde o treinador determinar. A polêmica surgiu a partir de uma suposta relutância em atuar como lateral, algo que todas as partes envolvidas negam veementemente. Valverde reconhece ter tido jogos abaixo do esperado, mas não se esconde da crítica.

Crônica de uma transição

O desejo de Valverde é claro: atuar no meio-campo. Essa vontade é antiga, mas a forma como a expressou mudou ao longo dos últimos sete meses. Em fevereiro, após uma boa atuação contra o Manchester City, ele comentou de forma mais leve sobre a possibilidade de atuar na lateral caso as oportunidades no meio fossem escassas.

Em março, durante a Data FIFA com o Uruguai, o assunto voltou à tona. Ele expressou satisfação por ter atuado como lateral, mas fez questão de sublinhar sua preferência: “Eu gosto mais no meio. Os jogos que disputei lá vencemos, e isso é o importante”.

“É um lateral fantástico, ele se saiu muito bem nessa função”

Carlo Ancelotti, sobre Valverde na temporada passada

As circunstâncias da equipe, somadas ao seu bom desempenho, o mantiveram na lateral em diversas partidas importantes, incluindo confrontos decisivos na Champions League e no Mundial de Clubes. Ancelotti elogiou sua performance, destacando sua velocidade e considerou-o um lateral “fantástico”. O treinador também ponderou que o “problema” de Valverde é sua capacidade de atuar em alto nível em múltiplas posições, cabendo ao treinador a escolha do melhor para o time.

De forma similar, Xabi Alonso o comparou a Steven Gerrard, enaltecendo sua capacidade de cobrir campo, seu chute potente e sua versatilidade: “Todos os treinadores gostariam de ter um Fede em sua equipe”. Diante de declarações como “joga onde for” e da necessidade de cobrir posições devido a lesões, a especulação sobre seu retorno à lateral resurgiu.

“Depois de conversar muitas vezes com Xabi, combinamos que eu não voltaria a jogar na lateral”

Federico Valverde, após partida contra o Marseille

Em uma declaração franca após um jogo contra o Marseille, Valverde deixou claro seu posicionamento: “Depois de conversar muitas vezes com Xabi, combinamos que eu não voltaria a jogar na lateral; estou feliz no meio e acredito que mereço a oportunidade de continuar jogando na minha posição”. Essa afirmação marcou o início de uma série de declarações que culminaram na polêmica em Almaty, e que o próprio jogador espera que sirva como ponto final para a discussão.