Valdir Bigode desabafa e emociona em assembleia do Vasco: “Nunca mais ninguém vai me ouvir”

Valdir Bigode emociona assembleia de credores do Vasco com discurso sobre dívidas e pagamentos. Ex-atacante cobra plano mais justo.
Valdir Bigode Vasco — foto ilustrativa Valdir Bigode Vasco — foto ilustrativa

A assembleia de credores do Vasco, com cerca de 100 pessoas presentes, foi marcada por um discurso emocionado de Valdir Bigode logo na abertura. O ex-atacante do clube, que teve divergências com a diretoria de Pedrinho, solicitou a revisão do plano de pagamento. A reunião foi suspensa por uma hora após sua manifestação.

Plano de Recuperação Judicial do Vasco em Debate

Os credores do Vasco foram convocados para uma Assembleia Geral na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, com o objetivo de determinar o futuro do plano de recuperação judicial apresentado pelo clube. Este plano detalha como as dívidas serão quitadas e como a SAF e o clube reorganizarão suas finanças. A aprovação, rejeição ou modificação do plano pelos credores é o foco principal. Em caso de falta de quórum, uma nova assembleia será marcada para o dia 20 de outubro.

Nas semanas anteriores, o plano de recuperação judicial enfrentou contestações de ex-jogadores e outros credores. Objeções foram protocoladas na 4ª Vara Empresarial da Capital do Rio de Janeiro, apontando supostas ilegalidades, deságio considerado excessivo e falta de viabilidade econômica.

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Valdir Bigode já havia manifestado sua oposição à proposta do Vasco. O ex-atacante, que processou o clube após alegar irregularidades na ordem de pagamento, relatou ter recebido ameaças nos últimos dias. Valdir tem aproximadamente R$ 4,5 milhões a receber do clube.

Na véspera da assembleia, o Vasco apresentou um aditivo ao plano de Recuperação Judicial, o que gerou intensa mobilização dos advogados da SAF e da Alvarez & Marsal para garantir votos favoráveis. O aditivo incluiu novas categorias de credores, como a subclasse “Beneméritos parceiros”, definida como aqueles que “tenham prestado excepcionais e relevantes serviços ao clube, reconhecidos pelo Conselho de Beneméritos na forma do respectivo regulamento por proposta do presidente do clube”.

Valdir Bigode no Vasco — Foto: Agência Globo

Houve também uma alteração no limite de pagamento para a categoria de credores trabalhistas “não colaboradores” (aqueles que não aceitaram as condições de mediação), com a nova proposta estabelecendo um teto de R$ 1,5 milhão para esta classe.

Discurso Emocionado de Valdir Bigode

Durante seu discurso, Valdir Bigode expressou sua frustração e o sentimento de descaso:

“Pode me processar, fazer o que quiser. Vou até o último dia. Esse dinheiro me pertence, é da família. Eu trabalhei para isso, eu trabalhei… Tô com a coluna toda rasgada, três cirurgias… trabalhei por outros clubes também, mas eu joguei futebol para isso. Eu queria ter um respeito de quem vai administrar. Com todo o respeito a todos, as pessoas que estão fazendo isso estão recebendo seus salários em dia. E eu queria receber o meu. Eu estou pacientemente há quase 20, 21 anos esperando. Um monte de gente fez acordo. Eu não quero saber como foi a vida dos outros, quero ver a minha. Sou o número 22 ou 23 e o número 33. Estou aguardando. Ninguém me procurou.”

Ele continuou, citando um “contrato horroroso” e a falta de respostas, destacando que não foi procurado para acordos e que sua prioridade é receber o que lhe é devido após tantos anos de espera.

“Recebi um contrato horroroso. Não tem resposta. Não sei se vocês vão perceber. Não sei como vai fazer. O mínimo que eu sei disso, judicamente falando, eu não vou nem usar palavras melhores que eu não tenho. Eu não estudei para isso… Segue a fila. Dois milhões por mês, dois milhões e meio por mês. Continua pagando os credores. Não estou falando por ninguém, mas eu sei, tenho amigos. Nunca quis receber, porque os que estão na minha frente são amigos meus. Trabalharam comigo. Os que estão atrás também são amigos.”

Valdir ressaltou sua trajetória no clube, desde a base até o profissional, e a necessidade de um plano de recuperação justo.

“Eu não queria o meu nome… ‘ah, Valdir recebeu porque é amigo do Eurico, porque é amigo…’ Não, estou na fila esperando, pacientemente. Com todo o respeito, as palavras aqui, não sei se fui grosseiro, talvez eu tenha sido, mas com respeito. Pense bem nisso, nessa recuperação, do jeito que vai se fazer, um plano melhor… Eu fiz um acordo com o Atlético-MG no passado, eu não fui um jogador igual eu fui no Vasco, fui convidado a aceitar, aceitei. Porque foi uma coisa muito tranquila para o clube e para nós. Foi um acordo justo pra nós, muito justo, e para o clube também. Nunca me procuraram para fazer um acordo, não estou dizendo que fui melhor ou pior do que ninguém não. Estou dizendo que como jogador do Vasco, cheguei na base, representei e representei como profissional. Isso aqui é, juridicamente não tem como… Prestem atenção nos valores, todos estão precisando. Eu também preciso do meu…”

Após ser interrompido pelo administrador judicial, que pediu para que ele concluísse sua manifestação, Valdir pediu mais um minuto para reforçar sua posição:

“Posso mais um minuto? Me desculpa, me desculpa, eu sei, vou terminar. Mas eu, assim, discordo dos senhores de uma situação. Esse é o único momento que eu tenho. Ninguém vai me ouvir nunca mais, como não me ouviram. Tem 21 anos, ninguém me ouviu.”

Ele finalizou:

“Poderia ter feito vários tipos de acordo. Fiquei pacientemente na fila, eu sou o número 33, estava programado para receber, se não tivesse as pessoas doentes e os mais velhos passando na frente, tudo bem pra mim também, está dentro da lei… Mas ia receber até o ano que vem. Espero, não sei se a minha voz vai fazer nenhum efeito, mas pelo menos eu vou pra casa tranquilo.”

Assembleia dos Credores do Vasco — Foto: Reprodução

Fonte: Globo Esporte

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