A paixão pelo clube pode levar torcedores a atos extremos. Um deles é Alejo Ciganotto, fã do Racing, que percorreu 2.650 km entre San Martín, na Argentina, e Rio de Janeiro, a pé e de carona, para assistir à semifinal da Copa Libertadores contra o Flamengo. A jornada, que começou em 4 de outubro, terminou em 17 de outubro, com o torcedor classificando a viagem como uma das mais tranquilas que já realizou.
Ciganotto viajou principalmente com a ajuda de caminhoneiros e pessoas que conheceu pelo caminho, compartilhando sua história. A rota incluiu a travessia da fronteira em Uruguaiana (RS), subindo pelo Sul até Curitiba (PR), passando por São Paulo (SP) e, finalmente, chegando ao Rio de Janeiro, onde foi recepcionado por torcedores do Racing, incluindo brasileiros.
Amuleto da sorte ou fé inabalável?
Essa aventura de Alejo começou nas oitavas de final da Copa Sul-Americana de 2024, contra o Huachipato, no Chile. Ele repetiu a dose em jogos posteriores, incluindo confrontos contra Athletico-PR e Corinthians, e esteve presente na final em que o Racing venceu o Cruzeiro por 2 a 0. Com a vaga na Libertadores garantida, Ciganotto continuou sua saga, acompanhando o time contra Fortaleza, Bucaramanga e Colo Colo.
Apesar de um susto na derrota para o Peñarol, no Uruguai, o Racing avançou às quartas e, posteriormente, à semifinal, após eliminar o Vélez Sarsfield. Diante do Flamengo no Maracanã, Alejo demonstrou serenidade ao projetar o confronto. “Aqui no Maracanã vai ser 1 a 1, o time deles é muito bom, tem grandes jogadores. E aí em Avellaneda vamos vencer por 2 a 1. Vamos fazer uma festa muito grande lá, a torcida vai estar em cima, e aí vamos para a final enfrentar o Palmeiras”, declarou em tom descontraído.
Aventura e desafios na estrada
Embora Ciganotto descarte o rótulo de “amuleto”, sua presença nas viagens tem sido motivo de brincadeiras e superstições entre os torcedores. Ele afirma fazer tudo pelo Racing, sem interesse em se aproximar dos jogadores. A experiência mais marcante foi na final da Copa Sul-Americana, onde conseguiu invadir o gramado após a vitória e comemorar com os jogadores, tirando fotos com a medalha e levando um pedaço da rede para casa.
A vida na estrada, no entanto, não é isenta de perigos. Alejo relatou momentos de tensão, especialmente na viagem até Fortaleza. Em uma ocasião, quase se envolveu em um acidente devido à imprudência do motorista de caminhão. O estresse, a falta de sono e a necessidade de confiar em desconhecidos foram fatores que o abalaram. Em outra situação, sentiu-se ameaçado ao ser levado por um caminho de terra por um motorista, preocupado com a presença de outra caminhonete parada nas proximidades.
Futuro e promessas
Com mais de 10 mil km percorridos em dois anos, Alejo Ciganotto planeja se “aposentar” das viagens radicais após um possível título da Libertadores e a Recopa. Caso o Racing conquiste a América, ele promete fazer uma tatuagem nas costas com todos os títulos continentais do clube. Se a taça da Libertadores escapar, a tatuagem será apenas com o título da Sul-Americana.
O Racing enfrentará o Flamengo no Maracanã, com a expectativa de casa cheia. O jogo de volta ocorrerá na próxima quarta-feira (29), em Avellaneda. Se avançar, o clube argentino chegará à sua primeira final de Libertadores em 58 anos, desde o título de 1967.
Fonte: Globo Esporte