O Futebol Espanhol está em ebulição. Jogadores de diversos clubes da la liga iniciaram um protesto contra a realização de uma partida entre Villarreal e Barcelona em Miami, nos Estados Unidos, prevista para dezembro. A manifestação se estendeu pelos primeiros dez segundos de todas as partidas da nona rodada, com os atletas permanecendo paralisados em campo. A ação é organizada pela Associação Espanhola de Jogadores de Futebol (AFE), que alega falta de transparência e diálogo por parte da organização do campeonato.
Entenda a polêmica
A controvérsia ganhou força após a La Liga anunciar, no início de outubro, que o confronto entre Villarreal e Barcelona, válido pela 17ª rodada, aconteceria no Hard Rock Stadium, em Miami. Apesar de contar com o aval da Uefa, o presidente da entidade, Aleksander Ceferin, expressou ressalvas, afirmando que jogos de ligas nacionais deveriam ser disputados em seus países de origem para não prejudicar os torcedores leais e manter a integridade das competições.
A AFE critica a decisão da La Liga, argumentando que os jogadores não foram consultados adequadamente sobre a mudança de local. O sindicato solicitou o adiamento da venda de ingressos para a partida nos EUA até que uma solução seja encontrada. A entidade também ressaltou que a iniciativa de protesto não visa atingir diretamente o Barcelona ou o Villarreal, mas sim expressar uma insatisfação geral com a forma como a decisão foi conduzida.
O estopim para a crise ocorreu nesta semana, quando dirigentes da La Liga não compareceram a uma reunião convocada pelos capitães das equipes na sede da AFE, alegando conflito de agenda. A falta de acordo em datas alternativas também gerou insatisfação nos clubes, que precisam de planejamento para treinos e jogos.
O posicionamento da AFE
Em comunicado oficial, a AFE declarou que:
“A Associação Espanhola de Futebolistas (AFE), com o apoio dos capitães da Primeira Divisão Espanhola, anuncia que, durante todas as partidas correspondentes à nona rodada do Campeonato Espanhol da Liga Nacional da Primeira Divisão, no início de cada partida, os jogadores protestarão simbolicamente contra a falta de transparência, diálogo e coerência da LALIGA em relação à possibilidade de disputar uma partida da competição nos Estados Unidos.
O sindicato decidiu excluir da iniciativa os jogadores do FC Barcelona e do Villarreal CF, clubes que solicitam o projeto, apesar de compartilharem a posição subjacente e os pontos críticos. Isso evita que a ação de protesto seja interpretada como uma potencial medida contra qualquer clube.
Diante das persistentes recusas e propostas irrealistas da LALIGA, a Associação Espanhola de Jogadores de Futebol rejeita categoricamente um projeto que carece da aprovação dos principais atores do nosso esporte e exige que a associação patronal crie uma mesa de negociação onde todas as informações sejam compartilhadas e as características excepcionais do projeto sejam analisadas, as necessidades e preocupações dos jogadores de futebol sejam atendidas e a proteção de seus direitos trabalhistas e o cumprimento da regulamentação vigente sejam garantidos.”
O posicionamento da La Liga
Em resposta, a La Liga, presidida por Javier Tebas, afirma ter tentado agendar reuniões com os jogadores em três ocasiões distintas, sem sucesso. Tebas se colocou à disposição para tratar do assunto a qualquer momento, destacando os mais de 100 milhões de euros que a liga destinou ao sindicato na última década. A entidade também ressaltou que não possui autonomia para interromper a venda de ingressos, responsabilidade que recai sobre o promotor do evento. A La Liga reitera que o projeto de levar uma partida para os Estados Unidos foi apresentado em 2018 e ratificado em 2020, com o objetivo de promover a marca do futebol espanhol no mercado americano. A liga considera a partida em Miami um evento isolado, uma entre 380 realizadas anualmente, e que não afetará a lisura do campeonato.
Fonte: Globo Esporte