Quarterbacks canhotos na NFL: história, auge e declínio

A NFL vê um raro confronto de quarterbacks canhotos após 19 anos. Conheça a história, auge e declínio desses talentos na liga.
Tua Tagovailoa, quarterback canhoto do Miami Dolphins, em ação na NFL. Tua Tagovailoa, quarterback canhoto do Miami Dolphins, em ação na NFL.

A nfl se prepara para um evento raro: o confronto entre quarterbacks canhotos, o primeiro em 19 anos. Tua Tagovailoa e Dillon Gabriel se enfrentarão neste domingo, marcando a primeira vez desde Michael Vick contra Chris Simms em 2006. Este embate acontece logo após outro duelo de canhotos, com Tagovailoa enfrentando Michael Penix Jr. na semana seguinte.

Este período de dois anos com jogos entre quarterbacks canhotos chega após uma longa seca. A última vez que um canhoto liderou uma final de conferência foi Michael Vick em 2004. O último jogo com mais de 500 jardas de passe de um canhoto foi de Boomer Esiason em 1996, e o último MVP e título de Super Bowl vieram de Steve Young em 1994. A década de 1990 registrou 373 jogos como titular de canhotos, superando todo o século XXI combinado (353 em 25 anos).

O auge dos quarterbacks canhotos

As décadas de 1970, 1980 e 1990 foram a era de ouro para os quarterbacks canhotos. Ken Stabler, dos Raiders, foi um dos pioneiros, liderando sua equipe a cinco Finais de conferência consecutivas, conquistando um MVP em 1974 e um Super Bowl em 1976. Na mesma década, Bobby Douglass, dos Bears, estabeleceu um Recorde de jardas terrestres para um quarterback com 968 em 1972, marca que perdurou por 34 anos até que Vick quebrasse a barreira das 1.000 jardas em 2006.

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Nos anos 80, Boomer Esiason assumiu o protagonismo. MVP em 1988, ele liderou o Cincinnati Bengals ao Super Bowl, onde perderam para o San Francisco 49ers de Joe Montana. Esiason detém o recorde de mais passes para touchdown de um canhoto na carreira, com 247.

A década de 1990 foi dominada por Steve Young, que se consolidou como o melhor quarterback canhoto da história da NFL. Ele liderou a liga em rating de passe em seis das sete temporadas entre 1991 e 1997, conquistou dois MVPs e um MVP de Super Bowl em 1994. Young foi o primeiro canhoto a ser introduzido no Hall da Fama do Futebol Americano, sendo posteriormente acompanhado por Stabler.

Nesse período, Mark Brunell também se destacou, guiando o Jacksonville Jaguars a quatro aparições consecutivas nos playoffs entre 1996 e 1999, e se tornando o líder de jardas passadas da franquia. Outro nome marcante dos anos 90 foi Todd Marinovich, cuja história como escolha de primeira rodada doDraft da USC se tornou um notório conto de fracasso, recentemente detalhado em sua autobiografia.

A era moderna e o declínio

A década de 2000 foi marcada pela ascensão e queda de Michael Vick, um dos quarterbacks mais eletrizantes da história. Ele popularizou o estilo de jogo de dois talentos (corrida e passe) e protagonizou uma carreira polêmica, com um histórico de 1.000 jardas terrestres, passes potentes e uma condenação por envolvimento em um esquema de rinhas de cães.

Em 2011, Tim Tebow protagonizou o fenômeno conhecido como “Tebowmania”, com vitórias improváveis e viradas espetaculares. Tebow registrou um impressionante retrospecto de 7 vitórias em 8 jogos entre as semanas 7 e 14 daquela temporada, em uma das sequências mais surreais da história da liga. Sua performance incluiu cinco vitórias com o Denver Broncos saindo atrás no placar nos últimos dois minutos do quarto período, um recorde na época.

Na década de 2020, o protagonismo canhoto voltou com Tua Tagovailoa. Ele liderou um dos ataques mais dinâmicos da NFL entre 2022 e 2023, especialmente após a chegada de Tyreek Hill ao Miami Dolphins. Tagovailoa liderou a liga em rating de passe em 2022 e em jardas de passe em 2023. Atualmente, ele é um dos três quarterbacks canhotos que iniciam jogos na NFL, ao lado de Gabriel e Penix.

As razões para o declínio

O declínio de quarterbacks canhotos na NFL levanta diversas questões. Uma das teorias aponta para a migração de talentos canhotos para o beisebol. Outra hipótese sugere que a dificuldade em receber passes de canhotos, devido à rotação invertida da bola, e a complexidade de proteger o lado cego de um quarterback canhoto (geralmente o lado esquerdo, onde o left tackle tradicionalmente atua) podem ser fatores.

A padronização dos esquemas ofensivos para quarterbacks destros também é apontada como um obstáculo. No entanto, a razão mais significativa parece ser a falta de desempenho consistente. Apesar de cinco quarterbacks canhotos terem sido selecionados na primeira rodada do Draft no século XXI (Vick, Leinart, Tebow, Tagovailoa e Penix), poucos alcançaram o sucesso esperado. A história recente da NFL mostra que, apesar do talento pontual, o desempenho geral dos canhotos tem sido aquém do potencial.

Fonte: CBS Sports

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