A célebre frase “Defesa ganha campeonatos”, que ecoa nos Estados Unidos, encontra forte ressonância no futebol. Sir Alex Ferguson, lendário técnico do Manchester United, imortalizou a ideia de que “ataque ganha jogos, defesa ganha títulos”. Sob a batuta de Thomas Tuchel, a Inglaterra tem se destacado por sua solidez defensiva, mirando a próxima Copa do Mundo.






Solidão defensiva sob comando de Tuchel
A seleção inglesa está perto de garantir a classificação automática para o Mundial. Com cinco vitórias em cinco jogos nas Eliminatórias, a equipe demonstra uma capacidade impressionante de não sofrer gols. O Goleiro Jordan Pickford tem sido peça fundamental, mantendo a meta invicta em todas as partidas sob o comando de Tuchel. Seu desempenho recente inclui uma sequência de oito jogos sem ser vazado pela seleção, superando um recorde que dividia com Gordon Banks. A última vez que Pickford sofreu um Gol pela Inglaterra foi há quase um ano, em uma derrota pela Liga das Nações. A única vez que a defesa inglesa foi vazada sob Tuchel foi em um amistoso contra Senegal, quando Dean Henderson estava no gol, um reflexo da qualidade superior do adversário.

Números que impressionam e o coletivo em campo
Ao analisar os números da campanha, chama a atenção que Pickford precisou fazer apenas duas defesas durante as Eliminatórias. Essa estatística, porém, não reflete apenas a habilidade do goleiro, mas sim a força coletiva da equipe. O capitão Harry Kane, atuando mais adiantado, e o restante do time demonstram disciplina e bons hábitos defensivos. Essa organização permite que a equipe crie chances de ataque com mais liberdade, sabendo que a base está sólida.
A crítica à falta de “brilho” em atuações anteriores, como na Euro 2024, contrasta com a resiliência mostrada agora. A solidez defensiva, mesmo com quatro gols sofridos até a final que perderam para a Espanha, quase garantiu o título. Pickford ressalta a importância dessa base: “Quando sabemos que estamos defendendo como uma unidade, isso nos dá a liberdade de criar chances no outro lado. Manter os placares zerados é bom, mas se você mantiver esse momento defensivo, você chega a melhores posições com a bola e cria mais oportunidades para marcar e vencer o jogo.”

Desafios nas laterais e a confiança no goleiro
Pickford, prestes a renovar seu contrato com o Everton, é uma constante na defesa de Tuchel. A dupla de zaga parece definida com John Stones e Marc Guéhi, com Ezri Konsa também como opção. Os desafios maiores residem nas posições de lateral. Com nomes como Kyle Walker e Kieran Trippier fora de cena, e Trent Alexander-Arnold sem a confiança total do técnico (além de estar lesionado), a busca por opções seguras é constante. Reece James seria a primeira escolha, mas seus problemas de lesão são bem conhecidos. Konsa tem atuado na posição. Na lateral esquerda, Tino Livramento começou como titular, mas também se lesionou, abrindo espaço para Djed Spence e Myles Lewis-Skelly.
Pickford está prestes a alcançar sua 80ª partida pela Inglaterra, buscando disputar sua terceira Copa do Mundo. Ele relembra com carinho o chamado para a seleção: “Toda vez que você recebe essa convocação para a Inglaterra, você deve se orgulhar.” Apesar das críticas sobre sua técnica ou altura, Pickford se consolidou como o número 1 indiscutível, graças à sua agilidade, reflexos e, principalmente, concentração aprimorada com a experiência.
Ele demonstra grande maturidade ao lidar com momentos de menor atividade em campo: “Eu estou sempre me movendo com o jogo. Eu sempre fico no momento quando não estou fazendo nada. Meus treinadores costumavam dizer: ‘Não fique entediado, não tente inventar trabalho, deixe o trabalho vir até você. Se houver um cruzamento a 16 jardas, não venha e pense que tem que ir e fazer isso porque você não fez nada por 15 minutos’. Isso é algo que eu definitivamente aprendi e há uma grande melhoria nesse aspecto.”
Um dado notável sobre as estatísticas de Pickford pela Inglaterra é que ele cometeu apenas um erro que resultou em gol, em um amistoso contra a Bélgica em 2024. Desde então, ele tem sido um pilar de confiança, alicerçando as esperanças da seleção em busca da glória.
Fonte: The Guardian