A jogadora Kerstin Casparij, do Manchester City, expressou seu forte apoio às mulheres transgêneras ao exibir uma faixa nas cores da bandeira trans em seu pulso após marcar um Gol contra o Everton. A ação foi uma resposta direta à decisão da Suprema Corte sobre o tema, que a jogadora considera prejudicial e um ataque à comunidade queer.






Casparij sente-se parte da comunidade queer, especialmente por ter crescido em uma cidade pequena nos Países Baixos, onde a representatividade era escassa. Sua experiência no Futebol Feminino, um ambiente descrito como acolhedor e aberto, e sua mudança para Manchester a fizeram sentir-se mais conectada com a comunidade e mais à vontade para ser ela mesma.
Solidariedade e Impacto
A decisão da Suprema Corte motivou Casparij a demonstrar solidariedade e oferecer apoio à comunidade trans. Ela acreditava que era o momento de agir, após anos de sentimentos acumulados. A resposta pública foi majoritariamente positiva, com mensagens de apoio de fãs trans de diversos clubes da WSL e de pessoas ao redor do mundo. O apoio de outros grupos queer e de pessoas cisgênero heterossexuais também foi notável, fortalecendo a mensagem de união.
A jogadora percebeu que sua voz tinha um alcance maior do que imaginava. A repercussão da sua ação a fez entender a importância de seu apoio para aqueles que necessitam de uma voz. Assim, Casparij decidiu que queria se envolver mais e ajudar sua comunidade, com foco especial nas mulheres, já que a decisão judicial, embora afete diretamente as mulheres trans, é vista por ela como um ataque a todas as mulheres.
Iniciativas Sociais e Valores no Esporte
Em busca de formas de ajudar, Casparij entrou em contato com a LGBT Foundation, sediada em Manchester. Ela se tornou patrona da organização e anunciou em sua conta no Instagram o lançamento de um programa chamado Levelling the Playing Field, focado em arrecadar fundos para apoiar mulheres.
A fundação oferece cuidados essenciais, espaços seguros e realiza workshops sobre saúde sexual, violência doméstica, sobriedade, entre outros temas. Casparij ressalta que o Futebol Feminino, em particular, é um exemplo de inclusão, algo que sempre prezou. Ela acredita na importância de abordar as diferenças com gentileza e empatia, buscando conexão em vez de afastamento.
“Precisamos perguntar: como podemos nos conectar? Como podemos garantir que todos se sintam incluídos? Como todos podem colher os muitos benefícios de se envolver no esporte? No Futebol Feminino, somos muito apaixonados por isso. Não importa quem venha aos nossos jogos, como podemos garantir que todos se sintam incluídos e tenham um espaço seguro?”, questiona a jogadora.
Apesar de reconhecer a dificuldade em se manifestar sobre o tema, Casparij deseja que todos possam experimentar o futebol, a amizade e o companheirismo presentes nas equipes.
Seus pais demonstraram preocupação inicial com a exposição pública, temendo possíveis retaliações. No entanto, Casparij aprendeu a lidar com comentários negativos, considerando que a opinião de pessoas que espalham ódio não a afeta. Ela enfatiza que seu objetivo não é convencer, mas sim ajudar quem precisa.
A jogadora menciona que, enquanto ela está acostumada a receber comentários abusivos em sua profissão, sua parceira, Ruth, que é nova nesse ambiente, lida com isso de forma diferente, gerando maior preocupação para Casparij.
O crescimento da audiência no futebol feminino tem trazido um público mais diverso, o que Casparij vê como positivo, mas também como uma mudança no ambiente construído ao longo dos anos. Ela e outras jogadoras se empenham em manter os valores do esporte, como o posicionamento contra o racismo, e reforçam que o futebol não deve ser um espaço para discriminação ou ódio, orgulhando-se de ser um esporte acolhedor.


Fonte: The Guardian