Kenny Dalglish: Amor pelo Liverpool e o legado de Hillsborough

Kenny Dalglish fala sobre seu amor pelo Liverpool, a tragédia de Hillsborough e o novo documentário que celebra sua vida e legado.
Kenny Dalglish Liverpool — foto ilustrativa Kenny Dalglish Liverpool — foto ilustrativa

A resiliência e o amor pelo Liverpool transbordam nas palavras de Kenny Dalglish, que relembra a visita aos torcedores hospitalizados após a tragédia de Hillsborough em abril de 1989. Naquele dia, Dalglish, então Técnico e lenda do clube, ao lado de seus jogadores, buscava oferecer conforto aos feridos. Em um momento marcante, o jogador Sean Luckett, que estava em coma, despertou ao ouvir Dalglish ao seu lado, um sinal de esperança em meio ao desespero.

A tragédia de Hillsborough, onde 97 torcedores do Liverpool perderam a vida em um esmagamento durante a semifinal da FA Cup contra o Nottingham Forest, deixou uma cicatriz profunda no clube e na cidade. A força de Dalglish em confortar as famílias e a recuperação inesperada de Luckett, que sussurrou o nome de Dalglish ao acordar, são destacadas no novo filme do diretor Asif Kapadia, conhecido por seus documentários sobre ícones como Ayrton Senna e Diego Maradona.

O Legado de Dalglish e o Impacto do Filme

O documentário de Kapadia traça a trajetória de Dalglish, desde sua infância em Glasgow e seu brilho no Celtic, passando pela gloriosa carreira como jogador no Liverpool, onde conquistou múltiplos títulos, até sua atuação como técnico, especialmente em tempos difíceis como após Hillsborough. O filme explora não apenas os feitos esportivos, mas também o peso emocional da tragédia e das narrativas conflitantes que surgiram posteriormente.

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Dalglish, emocionado ao assistir ao filme, destaca a importância de contar histórias sobre pessoas íntegras que se importam umas com as outras, especialmente em tempos de polarização. Kapadia corrobora, ressaltando o aspecto humano e empático de Dalglish e sua esposa, Marina, como temas centrais da obra. A narrativa do filme busca resgatar a essência do futebol de outrora, antes da era da Premier League e Champions League moderna, evocando um sentimento nostálgico e celebrando os ícones culturais e esportivos do passado.

Reflexões sobre o Futebol Moderno e a Resiliência

O filme também aborda, com bom humor, as mudanças no Futebol, com Dalglish admitindo desconhecer termos como ‘xG’ (Expected Goals), evidenciando a evolução da linguagem e das estatísticas no esporte. Essa descontração contrasta com a dor e a raiva que ainda residem em Dalglish ao recordar os eventos de Hillsborough, especialmente ao descrever a comoção ao visitar o Kop silencioso e coberto de flores, um testemunho da união entre torcida e equipe.

Dalglish detalha as falhas da FA e da polícia na tragédia, classificando os eventos como evitáveis e escandalosos, pela falta de responsabilidade e cuidado com os torcedores. A relação do jornal The Sun com os torcedores de Liverpool e a subsequente retratação em 2016, após o inquérito confirmar a morte ilegal das 96 vítimas, também são pontos cruciais abordados. Dalglish expressa que a verdadeira ‘cura’ para as famílias pode ser inatingível, mas reafirma que agiu por instinto e por ter sido criado em Glasgow, onde o que ‘conta é o que está no coração’.

O Futuro do Liverpool e a Admiração por Jogadores

Em meio às reflexões, Dalglish demonstra confiança no futuro do Liverpool, mesmo após uma sequência de derrotas, e expressa admiração pelo técnico Arne Slot e pelas contratações de jogadores como Alexander Isak, Florian Wirtz e Hugo Ekitiké. Ele elogia a inteligência de Wirtz e destaca Mohamed Salah como o jogador que mais o encantou nos últimos anos, pela sua capacidade de marcar gols e dar assistências.

O documentário, que estará em cinemas e plataformas de streaming, é um tributo à figura de Dalglish e à importância das pessoas no esporte. Kapadia enfatiza que o filme é ‘para as pessoas’ e sobre pessoas, destacando o papel de Dalglish em defender aqueles sem voz e poder. A obra celebra os ‘bons seres humanos’ que se levantam pelos outros, um legado que Dalglish personifica dentro e fora dos campos.

Fonte: The Guardian

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