A defesa do Dallas Cowboys (1-2-1) enfrenta um período de adaptação sob o comando do novo coordenador defensivo Matt Eberflus, resultando em números preocupantes nas primeiras quatro semanas da temporada de 2025. A equipe ostenta a pior defesa total da NFL, cedendo 420,5 jardas por jogo, e a segunda pior defesa em pontos permitidos, com média de 33,0 por partida.


Desafios na Transição para o Esquema de Zona
Um dos fatores cruciais para essa fase de adaptação é a saída do Pro Bowl edge rusher Micah Parsons, trocado para o Green Bay Packers pouco antes do início da temporada. Sua ausência impactou significativamente o pass rush da equipe. Paralelamente, a secundária dos Cowboys luta para se ajustar ao esquema de cobertura predominantemente em zona implementado por Eberflus, após anos atuando com alta frequência em cobertura individual sob o comando de Dan Quinn (2021-2023) e Mike Zimmer (2024).
Benching de Trevon Diggs e Feedback da Comissão Técnica
A situação se tornou ainda mais evidente com a decisão de afastar o cornerback Trevon Diggs, duas vezes Pro Bowl, no início da partida contra o Green Bay Packers. Diggs atuou em 49 snaps, mas a mensagem de Eberflus e do técnico Brian Schottenheimer foi clara. “Uma semana difícil”, comentou Diggs sobre a situação, sem entrar em detalhes. “Acho que o treinador está me cobrando responsabilidade, e eu aceitei, está tudo bem. Mas estou de volta aos trilhos esta semana, pronto para trabalhar.” Ele confirmou que a intenção é que ele retorne como titular na Semana 5 contra o New York Jets.
Impacto da Ausência de Parsons no Pass Rush
A pressão sobre os quarterbacks rivais, que antes era um ponto forte, diminuiu consideravelmente. Com Parsons no elenco entre 2021 e 2024, a taxa de pressão de pocket dos Cowboys era a melhor da NFL. Sem ele nesta temporada, a taxa caiu para 33,3%, empatada em 21º lugar na liga. Essa perda de pressão acelerada tem transformado a defesa de terceiras descidas do Dallas na pior da NFL, permitindo que os adversários convertam 58,2% das vezes. A dificuldade em pressionar os quarterbacks adversários coloca a secundária em desvantagem, obrigada a cobrir por mais tempo, uma situação agravada pelas condições físicas dos cornerbacks Diggs (joelho) e DaRon Bland (pé).
Estatísticas e Adaptação ao Sistema
“É sobre o rush e a cobertura. […] Não tem sido o que precisamos”, admitiu Eberflus. Dallas também passou o quinto maior tempo em desvantagem no placar na liga nesta temporada, um fator situacional que afeta o pass rush. Segundo o defensive tackle Kenny Clark, líder em pressões de quarterback da equipe com 14, “quando colocamos os times para trás no passe, os números de pressão vão subir”.
Outro problema é o posicionamento da secundária em cobertura. Os Cowboys cederam cinco passes para mais de 20 jardas aéreas nesta temporada, o maior número da NFL, todos ocorridos nas Semanas 2 e 3. Houve uma melhora ao não permitir nenhum passe longo contra Jordan Love, quarterback do Green Bay Packers, mas a adaptação ao sistema de zona ainda é um processo. “É só se acostumar com o sistema e saber onde as rotas vão ser, onde elas vão terminar. Se colocar na posição de fazer jogadas”, explicou Diggs sobre o posicionamento. “Não diria que é [cobertura em zona] mais complexo, mas quando você está jogando no mano a mano, você está ali com a pessoa. […] Agora, você está cobrindo uma área. Você tem que cobrir uma área e estar em posição de fazer uma jogada. Sinto que isso vem com repetição.”
Estratégias e Perspectivas Futuras
Eberflus, por sua vez, atribui o posicionamento à rapidez na leitura da jogada e à urgência em estar bem posicionado antes do snap. “Eu diria que colocar os caras em posição e depois se alinhar e se preparar para ir. A bola está pronta, nós temos que estar prontos. Colocar os seus tacos no chão e se preparar para ir. Essa é a maior coisa porque uma defesa pronta é uma boa defesa”, afirmou.
Diggs, que acumula 20 interceptações na carreira, revelou ter conversado com Eberflus sobre a possibilidade de mais cobertura individual. Atualmente, Dallas utiliza o esquema individual em apenas 6,2% das jogadas defensivas, a menor taxa da liga, enquanto a cobertura em zona é utilizada em 87,5% das jogadas, a maior taxa. O ideal para Eberflus é que o front four gere pressão suficiente para criar caos e forçar turnovers, enquanto os outros sete defensores se posicionam em zona.
“É confortável estar desconfortável”, disse Diggs sobre o uso de mais cobertura individual. “Sim, nós conversamos, mas no final das contas não é sobre o que eu quero. Não é sobre o que outras pessoas querem, é sobre o que toda a defesa quer, o que Eberflus quer e o que o treinador acha que é melhor para vencermos. Se ele sentir que essa é a nossa melhor chance de vencer, temos que jogar e jogar com nossas maiores habilidades, não é para apontar o dedo para ninguém, não é culpa de ninguém, nós só temos que executar.”
Eberflus valoriza a opinião de todos, mas enfatiza a necessidade de mais tempo para a equipe se entrosar. “Estou crescendo como grupo. Há melhorias no jogo. Nós apenas temos que continuar crescendo como grupo.” Lesões também foram um fator, com Bland fora por algumas semanas e outros jogadores retornando de contusões, impactando a consistência da defesa.
Para o confronto contra o New York Jets, a defesa dos Cowboys terá um foco principal na linha de scrimmage, enfrentando um ataque terrestre forte com o quarterback Justin Fields e o running back Breece Hall. Os Jets são terceiros na liga em jardas terrestres por jogo, mas quartos piores em jardas aéreas. A expectativa é que a defesa esteja preparada para jogadas de efeito, como a que resultou em um touchdown longo contra os Bears.
Fonte: CBS Sports