Os idealizadores da iniciativa conhecida como “SAFiel” apresentaram publicamente nesta terça-feira a proposta para transformar o Corinthians em Sociedade Anônima de Futebol (SAF), com a participação dos torcedores como acionistas.
Desafios na Aprovação da SAFiel
Apesar da apresentação, os proponentes da SAFiel reconheceram as dificuldades em persuadir conselheiros e dirigentes do clube a avançar com o projeto. Eles apontaram que a atual redação da Reforma do estatuto, em debate no Conselho Deliberativo, apresenta obstáculos que inviabilizam a implementação da proposta.
O evento de apresentação ocorreu em um auditório do Museu do Futebol e contou com a presença de convidados e jornalistas. O presidente Osmar Stabile, que havia se reunido com os responsáveis pelo projeto em setembro, não compareceu à cerimônia.
Sem a presença do presidente, os idealizadores fizeram uma entrega simbólica da proposta a conselheiros e associados. Carlos Teixeira, um dos idealizadores da SAFiel, informou que a proposta seria protocolada no Parque São Jorge no mesmo dia.
Estrutura Proposta para a SAF do Corinthians
O projeto da SAFiel visa transformar o Corinthians em uma SAF com gestão profissionalizada e separação clara entre o futebol e o clube social. A proposta detalha que a nova empresa, denominada “Invasão Fiel S/A”, seria responsável por todas as propriedades do futebol do clube, incluindo as equipes masculina, feminina e de base.
Esta holding teria ações disponíveis para compra no mercado, divididas em duas classes. Uma seria destinada a torcedores investidores, obrigatoriamente associados ou membros do programa Fiel Torcedor, com direito a voto na administração da SAF. A outra classe seria voltada a investidores institucionais sem direito a voto.
O projeto estipula um limite de participação de 1,8% do capital social por acionista com direito a voto, independentemente da quantidade de ações que possuam, a fim de evitar concentração de poder. A estimativa de captação de recursos varia entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,5 bilhões. Esses fundos seriam aplicados na reestruturação de dívidas, modernização do centro de treinamento, construção de CT para a base, investimento no elenco e melhoria da infraestrutura geral do clube.
Impacto Financeiro e Gerencial
Atualmente, o Corinthians enfrenta uma dívida estimada em R$ 2,7 bilhões. Com a proposta da SAFiel, o clube associativo se livraria dessas dívidas e receberia royalties mensais da SAF, podendo focar em suas atividades esportivas e sociais.
A estrutura de governança proposta inclui um Comitê de Governança, além de conselhos administrativo, fiscal e cultural. Estes órgãos seriam compostos por gestores independentes, representantes de torcedores com direito a voto, torcidas organizadas e membros do Parque São Jorge. A administração seria conduzida por executivos profissionais, avaliados e remunerados com base em sua capacidade e no cumprimento de metas.
Carlos Teixeira enfatizou que a SAFiel é um projeto colaborativo, sem interesses econômicos ou políticos dos idealizadores. “Não temos nenhum interesse econômico, político ou de cargos na SAFiel”, declarou ele durante o evento. A iniciativa busca conduzir o clube a um novo caminho, mantendo sua identidade popular.
Fonte: Globo Esporte