O Corinthians foi condenado pela Fifa a pagar R$ 6,2 milhões ao Midtjylland, da Dinamarca, pelo atraso na terceira parcela da contratação do volante Charles, que chegou ao clube em 2024. A diretoria alvinegra pretende recorrer ao CAS (Corte Arbitral do Esporte), mas, caso a decisão seja mantida, o processo pode resultar em um novo transfer ban.

O clube já cumpre um transfer ban desde agosto, referente ao atraso no pagamento da contratação de Félix Torres junto ao Santos Laguna, do México. O débito com o clube mexicano é de aproximadamente R$ 40 milhões.
No final de setembro, o Timão foi condenado pelo CAS a pagar cerca de R$ 45 milhões a Matías Rojas, por atraso de direitos de imagem. O clube também se preocupa com a possibilidade de sofrer um segundo transfer ban, o que o impediria de inscrever novos jogadores por três janelas.

Como funciona o transfer ban?
O Corinthians acumula seis condenações na Fifa e está sob risco de novas sanções. As dívidas envolvem valores expressivos: R$ 40 milhões ao Santos Laguna (Félix Torres), R$ 41,3 milhões a Matías Rojas (rescisão), R$ 23,3 milhões ao Talleres (Rodrigo Garro), R$ 6,7 milhões ao Shakhtar Donetsk (Maycon) e R$ 8 milhões ao Philadelphia Union (José Martínez).
Segundo Nilo Effori, especialista em direito desportivo, caso o Corinthians não quite os valores determinados pela Fifa, o clube corre o risco de ter o período de punição ampliado. “No caso de clubes, após o vencimento do prazo final e em caso de inadimplemento persistente ou de não cumprimento integral da decisão, será imposta uma proibição de registrar novos jogadores até que o valor devido seja integralmente pago. Na prática, isso significa que o Corinthians poderá sofrer um novo transfer ban automático, que permanecerá em vigor até que a dívida seja quitada”, explicou Effori.
Ele acrescentou que, se o clube acumular mais de uma sanção, a Fifa pode inclusive prolongar esse bloqueio por várias janelas de registro.
Corinthians pode ser rebaixado?
Se o clube não quitar as dívidas que originaram o transfer ban, a Fifa pode aplicar punições mais severas. Embora não sejam automáticas, sanções como perda de pontos e, em casos extremos, rebaixamento, são riscos reais caso o Timão não regularize os débitos.
“Uma dedução de pontos ou rebaixamento para uma divisão inferior também pode ser ordenada, além da proibição de registrar novos jogadores, em caso de inadimplemento persistente, reincidência ou infrações graves”, detalhou Effori. Ele também ressaltou que o Artigo 21(1)(c) do Código Disciplinar da FIFA prevê a aplicação de juros anuais de 18% sobre o valor devido, o que agrava significativamente a dívida principal.
Como resolver?
O Corinthians busca um acordo com os credores para evitar novas punições. A única solução para o clube alvinegro é quitar as dívidas ou chegar a um acordo homologado pela Fifa. A diretoria alvinegra tenta antecipar verbas de contratos para amenizar o problema financeiro, cuja dívida total é avaliada em R$ 2,6 bilhões.
“O Código é taxativo: a única forma de levantar o transfer ban é pagar integralmente a dívida ou firmar um acordo com o credor homologado pela FIFA. Caso contrário, o clube permanece impedido de registrar jogadores e ainda corre risco de sofrer sanções adicionais, como a dedução de pontos ou até o rebaixamento em caso de reincidência prolongada. Ou seja, não se trata de uma questão jurídica, mas de gestão financeira: ou se paga, ou se negocia”, finalizou o advogado.
Fonte: LANCE!