A estrutura coletiva proposta por Thomas Tuchel para a Seleção Inglesa pode ser o ponto crucial para o futuro de Jude bellingham na equipe. O técnico alemão, conhecido por sua rigidez tática e exigência de sacrifício em prol do time, demonstra não ter receio de lidar com egos inflados, uma característica que já apresentou em passagens anteriores por PSG e Bayern de Munique.






A busca pela coesão em campo
Tuchel tem enfatizado a construção de uma equipe unida, declarando frequentemente que estão “construindo a melhor equipe”. Essa filosofia se reflete na decisão de não convocar jogadores talentosos individualmente, mas que não se encaixam na dinâmica coletiva. A recente exclusão de nomes como Jude Bellingham, Jack Grealish e Phil Foden, antes de um Amistoso contra o País de Gales, exemplifica essa abordagem. “Nós reunimos os caras que têm a cola e a coesão para ser a melhor equipe”, afirmou o treinador.
O histórico de Tuchel em clubes como PSG e Chelsea oferece pistas sobre sua estratégia. No PSG, a presença de estrelas como Neymar e Mbappé não se traduziu em sucesso na Liga dos Campeões, em parte devido à falta de comprometimento tático de alguns jogadores. Em contraste, no Chelsea, a conquista da Liga dos Campeões em 2021 foi fruto de uma equipe disciplinada, com N’Golo Kanté, Thiago Silva e Mason Mount sendo pilares fundamentais pelo espírito coletivo e forte marcação.
Jude Bellingham: um talento sob escrutínio
A missão de Tuchel com a Seleção Inglesa é forjar um espírito de fraternidade. A performance da equipe na vitória por 3 a 0 contra o País de Gales, com gols de Morgan Rogers, Ollie Watkins e Bukayo Saka, pareceu recompensar a aposta do técnico em sua filosofia. “Estamos chegando lá”, comentou Tuchel após o jogo, comparando a atuação com um “futebol de clube”. A dinâmica em campo, com laterais dinâmicos, velocidade pelas pontas e uma parceria emergente de Elliot Anderson com Declan Rice no meio-campo, mostra a Inglaterra tomando forma sob o comando do alemão.

O papel de Morgan Rogers, muitas vezes atuando na posição de Bellingham, foi destacado por Tuchel como o de um “jogador humilde, físico e muito talentoso”. Embora ninguém duvide do potencial de Bellingham, considerado um dos melhores do mundo, sua participação em competições passadas, como a Euro 2024, levantou questionamentos sobre seu estilo de jogo individualista em momentos cruciais. O próprio treinador já se referiu ao comportamento em campo do jogador como “repulsivo”, apesar de ter posteriormente retirado a crítica explícita. A necessidade de canalizar sua intensidade contra os adversários, e não contra colegas ou árbitros, é um ponto central.
A hierarquia e o futuro na Seleção
Tuchel insiste na importância de os jogadores aceitarem a “hierarquia dentro da equipe”. Ele deixou claro que a porta está aberta para “qualidade de topo, com ótimos caracteres” retornarem, mas isso será nos seus termos. Jude Bellingham tem a chance de voltar à seleção, mas sem tratamento especial. A questão agora é o equilíbrio entre seu talento inegável e a aceitação das demandas táticas de Tuchel. Se Bellingham se encaixar na estrutura coletiva e não tentar liderar a equipe sozinho, ele será um trunfo. Contudo, esta não será a “equipe de Bellingham”, mas sim a “equipe de Harry Kane”, capitão que cumpre seu papel com profissionalismo e lidera pelo exemplo, demonstrando uma ética de trabalho exemplar, mesmo sem a bola.

Tuchel evita especulações sobre deixar jogadores como Bellingham, Foden ou Cole Palmer no banco em um jogo de Copa do Mundo, focando nos atletas que estão performando bem atualmente. A Seleção Inglesa tem apresentado boas atuações sem Bellingham nas últimas partidas, e o técnico parece estar moldando a equipe, com Rogers sendo visto como uma evolução de Mason Mount. As experiências passadas em Bayern e PSG reforçam sua convicção sobre os perigos do individualismo desenfreado.
Fonte: The Guardian