Barcelona: Análise da Involução Tática e Defensiva do Time Blaugrana

O Barcelona que encantou sob o comando de Flick na temporada passada agora causa estranhamento. Indicadores futebolísticos revelam uma involução tática inesperada na pressão alta, no posicionamento em campo e na coordenação defensiva. Uma deriva, quase invisível em termos de classificação, abala a competitividade do time, expondo-o em situações antes dominadas com solidez. O cenário se agravou em partidas recentes contra PSG, Sevilla e Girona, com desatenções e concessões notáveis.

Análise da Pressão e Recuperação de Bola

O Barça defende pior devido a uma pressão desorganizada e com menor intensidade. Dados recentes indicam uma queda no número de ações de pressão, com menos recuperações de bola por partida e um aumento no percentual de passes certos do adversário em seu próprio campo. Isso ocorre devido ao aumento das distâncias entre os jogadores, rompendo o bloco compacto observado na campanha anterior. A falta de sincronia abre espaços que adversários tecnicamente superiores exploram.

O Técnico Flick parece ter identificado o problema. “Sempre falo sobre o posicionamento, sobre estarmos bem situados. Se você está muito longe, perde porque tem que correr demais. Isso te mata na defesa. Precisamos pressionar e melhorar o posicionamento”, comentou Flick, destacando a realidade de sua equipe.

Desempenho Individual e Pressão Descompensada

As dificuldades do Barcelona também se refletem individualmente. Flick sentiu falta de Raphinha, reconhecido por sua disciplina e atividade na pressão após a perda de bola. Marcus Rashford, embora com méritos, apresenta menor contribuição nesse aspecto, com menos recuperações por jogo. Sua intensidade em momentos de marcação é baixa e sua orientação tática nem sempre é a ideal, frequentemente ‘presenteando’ a saída pelo corredor ou não organizando a pressão interna adequadamente.

A pressão descompensada também é reflexo do menor controle de jogo. Embora as estatísticas de posse de bola tenham se mantido ou até aumentado na La Liga, o time de Flick demonstra mais dificuldade em se agrupar no campo de ataque e comete perdas evitáveis. A falta de tempo para consolidar o domínio e a fragmentação do jogo tornam o time vulnerável a transições rápidas dos oponentes. O domínio da segunda bola também é afetado pela distância entre linhas, deixando o time desprotegido.

Fragilidade Defensiva e Estrutura Coletiva

A fragilidade estrutural afeta diretamente a linha defensiva. A ausência de Iñigo Martínez é notável, não apenas por suas qualidades individuais, mas pela liderança e correções táticas que oferecia aos companheiros. Sem o zagueiro basco, a defesa precisa se reorganizar, mas até o momento não demonstra solidez, com falhas na vigilância e, principalmente, falta de harmonia entre os quatro defensores. O problema não reside nos nomes — sejam eles Eric, Cubarsí, Araújo, Balde ou Gerard Martín —, mas sim em um desajuste coletivo.

Estratégias Adversárias contra a Linha Alta

Rivais têm explorado a linha defensiva adiantada do Barcelona. Jogos recentes demonstraram táticas de ataque pelas costas dos laterais e movimentações inteligentes de atacantes para explorar o fora de jogo e gerar oportunidades de finalização. Equipes como Rayo Vallecano, PSG, Sevilla e Girona utilizaram mecanismos semelhantes para romper a estrutura blaugrana.

Com a zaga posicionada próximo ao meio-campo e uma pressão ineficaz devido às distâncias entre as linhas, o Barcelona facilita o caminho para os adversários que exploram suas falhas. A solução para esses problemas pode ser encontrada em lições do passado recente.

Fonte: AS España