O Atlético de Madrid teve um início de temporada questionável, apesar da goleada sobre o Real Madrid. O temor e as dúvidas pairaram no Metropolitano por algumas semanas. Aqueles que mais apreensivos poderiam estar eram os que apostaram no salto de qualidade do time. Miguel Ángel Gil, Idam Ofer, Ares Management e Cerezo investiram 190 milhões de euros de seus bolsos desde 2021, em duas ampliações de capital: 120 milhões em 2021 e mais 70 milhões em 2024. Uma nova injeção de 60 a 70 milhões é esperada para o próximo verão europeu. O objetivo é rejuvenescer o elenco e elevar o nível Técnico. Nas últimas duas temporadas, o Atlético gastou 364 milhões de euros em contratações e arrecadou 178 milhões com vendas, um diferencial de 186 milhões que coincide com o capital injetado pelos sócios majoritários.
Debate sobre objetivos esportivos
Esse investimento gerou um debate sobre se o Atlético já deveria ter metas esportivas mais ambiciosas do que apenas a Classificação para a Champions League. Anteriormente, Gil Marín considerava a vaga na Champions uma necessidade e garantia de estabilidade financeira, com cerca de 80 milhões de euros por temporada. No entanto, com mais dinheiro disponível para investimento em Elenco para Simeone, a questão se torna: até onde se pode exigir do Atlético e do técnico argentino?
Comparativo de custos de elenco
A análise objetiva aponta que o custo do primeiro time do Atlético de Madrid é de 328 milhões de euros. Já o do Barcelona e do Real Madrid gira em torno de 500 milhões de euros. Este valor inclui salários dos jogadores e amortizações de transferências. A diferença, arredondando, é de aproximadamente 180 milhões de euros.
O impacto de Julián Álvarez
Um jogador como Julián Álvarez, que está se destacando, representa um custo anual de cerca de 30 milhões de euros brutos. Esse valor é a soma dos aproximadamente 18 milhões de salário e os 12 milhões de amortização (75 milhões de custo de transferência divididos por 6 anos de contrato resultam em 12,5 milhões de amortização contábil anual).
Utilizando uma analogia facilmente compreensível para os torcedores, o Real Madrid e o Barcelona possuem em seus elencos o equivalente a 6 Julián Álvarez a mais que o Atlético de Madrid. Se consideramos Julián Álvarez um jogador diferencial, que impacta diretamente o desempenho, imagine a vantagem de rivais que contam com seis jogadores de calibre semelhante. Para o Atlético, a exigência deve ser de brigar pelo terceiro lugar, mas não necessariamente pelo título, dada a disparidade de ferramentas disponíveis.
Aumento da exigência para Simeone
Apesar da diferença de recursos, a luta pelo título ou a sua conquista não devem ser descartadas. No entanto, a classificação para a Champions League, seja em terceiro ou quarto lugar, não deve ser vista como um sucesso garantido, pois o caminho é árduo. Com o considerável investimento realizado pelo Atlético em jogadores, é justo e necessário elevar a exigência sobre Simeone, dentro de limites razoáveis.
Em 2011-2012, no Valencia CF, sob o comando de Unai Emery, a pressão por algo além do terceiro lugar aumentou. Mesmo com três temporadas consecutivas nessa posição, o clube havia conquistado o título espanhol anteriormente. Essa percepção acabou por pressionar o técnico, levando à decisão de não renovar seu contrato. Em Mestalla, o então presidente foi vaiado após conquistar o título, pois as contratações não agradaram à torcida, sendo consideradas de baixo nível em comparação com as atuais.
A importância do Diretor Esportivo
Além do capital a ser investido no elenco, a figura do Diretor Esportivo é crucial para otimizar a escolha dos jogadores. Com 328 milhões de euros, o Atlético de Madrid tem potencial para formar um grande time, desde que as escolhas sejam acertadas e com um mínimo de erros. A pressão sobre o Diretor Esportivo do Atlético é significativamente maior do que a de seus pares no Barcelona ou Real Madrid, devido à menor margem de erro. No Atlético, essa função é de Carlos Bucero, enquanto no Barcelona atuam Deco e Pini Zahavi, e no Real Madrid, Florentino Pérez e Juni Calafat lideram a captação de talentos.
Fonte: Marca