Arda Güler demonstra ter duas facetas: reservado e tímido em sua vida pessoal, mas um verdadeiro vulcão dentro de campo. Essa dualidade foi aprofundada em um extenso reportagem do veículo L’Équipe, revelando um fenômeno que explodiu sob a orientação de Xabi Alonso. Em apenas dez partidas, o jovem meia anotou três gols e deu quatro assistências, mostrando sua influência tanto na construção das jogadas quanto na finalização. Para Alonso, a capacidade de Güler é inquestionável, e o jogador compartilha dessa convicção: “Se Xabi me pedir para ser Goleiro, eu compro luvas”.

De promessa a peça fundamental
O meia turco evoluiu de uma promessa para um jogador indispensável. Sua sociedade em campo com Kylian Mbappé parece ilimitada, com momentos em que “basta um olhar” para entenderem um ao outro. Arda Güler é descrito como um futbolista especial, “único”, com talento como propulsor e trabalho árduo como base. Segundo seu entorno, ele ganhou 8 quilos de massa muscular, evidenciando sua dedicação ao aprimoramento físico. Aos 20 anos, Güler não se deixa deslumbrar pelo sucesso imediato. Ele se sente “mais confiante do que nunca”, mas mantém a calma e a maturidade, afirmando: “Pensar que já cheguei… isso não sou eu. Eu não funciono assim. O importante é não tentar ser alguém que você não é”. E a sua identidade é a de Arda Güler, um talento que não é pouco.
Gerenciando pressão e conquistando espaço
Em Entrevista, Güler compartilhou como lida com a pressão e a expectativa: “O barulho que pode haver ao meu redor nunca o vi como pressão. Tornaria meu trabalho mais difícil. Claro que há responsabilidades, mas são coisas que me ajudam a melhorar, a subir o nível. É como se eu precisasse disso. Alguns acham que sou bom demais porque não dou problemas, mas tenho muita ambição”. Ele complementou: “O importante é não tentar ser alguém que você não é”.
“O barulho não é pressão, ajuda a melhorar, é como se eu precisasse. O importante é não tentar ser alguém que você não é”
Güler, em entrevista ao ‘L’Equipe’
Questionado sobre suas cobranças de falta, Güler explicou que o direito vem do trabalho árduo nos treinos: “Acredito que ganhei respeito graças aos chutes que fazemos no final dos treinos. Depois disso, é mais fácil pedir a bola no fim de semana, quando há uma falta perto da área. Mas é preciso encontrar o equilíbrio entre pedir coisas e respeitar os outros, o clube. Se chegava um jogador como Luka Modric e queria bater, você deveria deixá-lo fazer sem dizer uma palavra.”
Sobre sua relação com o veterano croata, ele disse: “Eu o chamei de Luka ‘Abi’ da primeira vez. Na infância, nos ensinam a adicionar esse ‘Abi’ (irmão mais velho) aos nomes dos mais velhos. Não podia chamá-lo apenas pelo nome…”

O plano de carreira e a adaptação na Espanha
Güler admitiu que o início no clube foi desafiador devido a problemas físicos, mas nunca duvidou de seu potencial: “Sabia que estava no maior clube do mundo. Mas desde o primeiro treino soube que tinha as qualidades para jogar. Nunca duvidei que teria sucesso aqui”. Ele detalhou o planejamento comunicado por Juni Calafat: “Ele me explicou o plano. Disse que o primeiro ano seria difícil, que não podia ser de outra forma para um garoto que só conhecia a Turquia. Também disse que eu vinha para a era posterior a Modric e Kroos. Tudo estava claro, ele foi sincero, e assim é melhor.”
“Juni Calafat me explicou o plano. Disse que o primeiro ano seria difícil, que não podia ser de outra forma. Também que eu vinha para a era posterior a Modric e Kroos”
Arda Güler
Apesar do barulho na Turquia quando Carlo Ancelotti o deixou fora de partidas importantes, Güler demonstra gratidão ao técnico italiano: “Carlo é um dos melhores treinadores da história. Não se pode esquecer que ele disse à imprensa que eu seria um dos melhores meio-campistas do mundo. Davide (seu filho e assistente) sempre tentou me ajudar. Sou grato. Quando não jogava, era duro, mas alimentou minha ambição: esperava meu momento.”
Confiança sob Xabi Alonso e a conexão com Mbappé
A confiança mútua entre Arda Güler e Xabi Alonso é evidente. “No primeiro dia ele me disse: ‘Sei que o seu instinto é forte, que você é um guerreiro em campo.’ No futebol dele, muitas vezes fazemos um um contra um no campo adversário, quase como uma marcação individual. É preciso ter caráter, agressividade. Mas confio plenamente nos planos dele: se um dia ele me pedir para jogar de goleiro, eu compro luvas.”
“Xabi me disse: ‘Sei que o seu instinto é forte, que você é um guerreiro em campo’”
Güler sobre suas primeiras impressões com Xabi Alonso
As comparações entre a dupla Güler-Mbappé e a histórica parceria Özil-Cristiano Ronaldo são comuns. Güler encara isso com humildade: “A comparação é bonita, me sinto lisonjeado. Eles conquistaram coisas enormes. Mas as grandes vitórias são sempre do time, não apenas de dois jogadores. Nossas qualidades e as dele são complementares. Nos entendemos muito bem, tudo flui. Às vezes falamos um pouco antes do jogo: ‘Hoje poderíamos fazer isso ou aquilo.’ Outras vezes, basta um olhar.”
“Com Mbappé tudo flui. Às vezes falamos antes, outras, basta um olhar”
Güler sobre a conexão com Mbappé
Sobre a movimentação de Mbappé, que às vezes recua para o meio-campo, Güler defende a liberdade do francês: “Acho que ele deve jogar onde quiser. Seu talento lhe dá direito a essa liberdade. Se ele recua para o meio, não é sem motivo. Ele entende o que o jogo precisa. Quando ele faz isso, sou eu quem deve ocupar seu lugar.”
Objetivos futuros e a busca pela segunda Champions
Com uma Liga dos Campeões já em seu currículo, embora sem ter disputado minutos na campanha vitoriosa de 2022/2023, Arda Güler tem um objetivo claro: “Não a ganhei, não foi minha. Temos que buscar outra. Esse é um dos meus principais objetivos. Quero que as crianças do meu país possam dizer: ‘Arda conseguiu, eu também posso conseguir.’”
Fonte: AS España