Álex Baena revela pensamentos de desistir do futebol com ajuda psicológica

Álex Baena, do Atlético de Madrid, revela que pensou em desistir do futebol; psicólogo e família foram cruciais em sua recuperação.
Álex Baena — foto ilustrativa Álex Baena — foto ilustrativa

Álex Baena atravessa um momento de destaque na carreira, sendo peça importante no Atlético de Madrid e convocado frequente pela seleção espanhola sob o comando de Luis de la Fuente. Curiosamente, há pouco mais de um ano, o jogador admitiu ter considerado abandonar o futebol profissional. “O psicólogo me ajudou a superar esses pensamentos”, revelou Baena em entrevista.

A trajetória de um atleta de sucesso frequentemente esconde desafios que vão além das quatro linhas. A história de Baena ilustra o sacrifício desde a infância, com a mudança aos 11 anos para longe de sua casa em Roquetas de Mar (Almería) para integrar a base do Villarreal, clube que o moldou para o sucesso. Em um período de crescente atenção à saúde mental no esporte, após relatos como o de Álvaro Morata, Baena compartilhou abertamente suas experiências em uma conversa com a agência EFE, abordando tanto os momentos difíceis quanto a alegria de proporcionar uma vida melhor para sua mãe e irmãos.

A Virada de Chave na Carreira

Com seus novos objetivos traçados, agora vestindo a camisa do Atlético de Madrid sob a orientação de Diego Simeone, Baena também defendeu o técnico da seleção espanhola, Luis de la Fuente, diante de críticas relacionadas a Lesões de jogadores. Ele expressou a saudade de uma forte cultura de seleção, algo que, segundo ele, se manifesta mais intensamente em grandes torneios.

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Em relação à sua adaptação à seleção, Baena comentou: “Sinto-me igual que da primeira vez. É um orgulho vir para a seleção, fazer parte deste grupo de jogadores. Estou aqui para ajudar no que o treinador e o grupo precisarem. É verdade que com o passar do tempo com os companheiros e a comissão técnica, você se sente mais adaptado, com mais confiança para tudo. Da primeira Convocação para agora, sinto-me mais importante pela confiança”.

Superando Momentos de Dúvida

Baena detalhou um período particularmente difícil após perder a final do sub-21 e sua primeira convocação para a seleção principal: “É verdade que depois de perder a final com o sub-21 e com minha primeira convocação para a principal, foi um momento pessoal ruim, com pensamentos de deixar o futebol, de deixar tudo. Mas com o psicólogo, com quem trabalho há muito tempo, com minha família, minha mãe e meus irmãos, pude sair um pouco de todos esses pensamentos, desse momento ruim. Todos juntos conseguimos sair”.

O jogador ressaltou a importância de compartilhar essas experiências, especialmente no Dia Mundial da Saúde Mental. “A gente só vê o lado bom, que te conhecem na rua e acham que é positivo, mesmo que não seja, o dinheiro, que você vive bem… mas não sabem o lado ruim por trás. Estar 24 horas focado, se cuidando, viajando sem ver a família, não poder fazer o que seus amigos fazem porque precisa cuidar da alimentação e do descanso. Só se vê o lado bonito, mas o futebol é muito duro. Só quem está perto sabe. Mesmo assim, somos privilegiados por ter um lado ruim e um bom”.

O sacrifício de deixar a casa aos 11 anos foi um ponto crucial. “Sim, saí com 11 anos, longe da família e acho que eles passaram ainda pior do que eu, que tive muitos momentos em que quis desistir de tudo, de estar em casa com os amigos e a família. Minha mãe sempre foi a pessoa que me deu o impulso para perseguir meus sonhos e lutar. Se eu pensar em todos os companheiros com quem dividi vestiário desde que comecei até agora, chegamos muito, muito poucos, dois ou três companheiros. É duro, mas é preciso perseguir os sonhos, lutar por eles e se não der certo, depois fazer outra coisa. É preciso se mentalizar de que é muito difícil chegar. Uma em mil crianças consegue viver do futebol profissionalmente. É preciso estudar, que é muito importante, ou ter algo secundário e não focar tudo no futebol”.

Saúde Mental no Esporte Profissional

Baena também comentou sobre a visibilidade dada por Álvaro Morata a questões de saúde mental. “Porque talvez as pessoas achem que se temos vinte anos de carreira estamos super felizes, que nada nos acontece e tudo nos vai super bem. Já vimos em casos como o de Álvaro que não é assim, que ele passou mal e teve que pedir ajuda. Isso faz com que pessoas na rua que estão passando mal e não se atrevem a dar o passo de pedir ajuda, nos vejam fazendo isso e reflitam. Se nós temos problemas, por que eles não podem tê-los? Álvaro é um 10 como pessoa, que sempre ajuda primeiro o colega do lado do que a si mesmo. É bom que ele tenha dado visibilidade com o que aconteceu com ele”.

Sobre a importância da ajuda psicológica, Baena explicou: “Comecei quando subi para o primeiro time do Villarreal. Eu estava jogando tudo nas categorias de base e dar esse passo, me ver no banco, era uma situação nova para mim que eu não entendia muito. Sendo jovem, com 17 anos, eu achava que não era bom ter um psicólogo e agora falo com ele mesmo quando estou feliz. Só de vê-lo e conversar me faz sentir melhor. Comecei naquele momento e ele se tornou uma peça fundamental que me ajudou muito a melhorar, tanto no futebol quanto na minha vida”.

Questionado se os momentos difíceis moldaram sua personalidade, o jogador respondeu: “Acho que é também graças ao meu entorno. Sou um garoto muito familiar, tenho os mesmos amigos e o mesmo círculo desde que comecei. Trabalhei com as mesmas pessoas em termos de psicólogo, preparador físico ou representante, que é uma figura importante que ajuda muito. Como tenho um círculo muito próximo, eles preferem me dizer o que eu não gosto de ouvir do que o que eu gosto”.

Quanto aos conselhos recebidos, Baena explicou: “É verdade que quando eu erro em algo, em um jogo ou na minha vida, são os primeiros a me dizer o que eu não gosto de ouvir. Há outras pessoas que só te elogiam, te dizem o quão bom e bonito você é. É sempre bom ter amigos e família que te dizem tudo o que é ruim e te orientam pouco a pouco”.

Seleção Espanhola e Clubes

Abordando o conflito entre seleções e clubes por lesões, Baena defendeu De la Fuente: “É verdade que não posso opinar muito porque não estava na concentração, mas desde que estou aqui, sempre cuidaram do jogador ao máximo. Houve essa sintonia treinador-jogador para saber como estávamos, se precisava treinar menos, recebia descanso para se recuperar. Nunca houve nenhum problema e parece que por ser um jogador do Barça [Barcelona] isso ganhou tanta repercussão. Não seria o mesmo com um do Atlético, do Celta ou do Bayer Leverkusen porque já aconteceu em outros momentos que o jogador teve que sair por lesão ou por incômodo. No final, é o morbo de Barcelona e Real Madrid e atacam o treinador, mas ele se preocupa conosco cem por cento, cuida de nós quando temos uma mínima dor, e se dizemos que podemos jogar, ele vai em frente. Ele não está em nosso corpo para dizer que não podemos jogar”.

Sobre a cultura de seleção na Espanha, o jogador lamentou: “Muita, no final parece que a seleção é só Barça e Real Madrid, mas viemos de dez times diferentes. Você vê em outros países, quando vai jogar fora, como apoiam a seleção, todos caminham juntos, e aqui são esses dois clubes primeiro, depois a seleção e depois os outros times. É preciso olhar um pouco para trás, como na Eurocopa, que o país inteiro estava conosco sem olhar os clubes. Só temos isso a cada dois anos e deveria ser em cada pausa da seleção, sem olhar as cores”.

Ao comentar sobre o estilo de jogo sem Lamine Yamal e Nico Williams, Baena afirmou: “Temos um estilo definido, é normal que sintamos falta deles porque Lamine e Nico são dois dos melhores do mundo em suas posições, mas temos outros em ótima forma em seus clubes como Ferran, Yeremy, Jesús (Rodríguez) ou Jorge (De Frutos). Sentimos falta deles, mas temos um bom grupo e quem jogar, nós levamos isso adiante”.

Baena também elogiou Pedri: “É o melhor do mundo em sua posição e um dos melhores jogadores do mundo. Desde que comecei a jogar com ele na sub-19, me encantei e sou sempre do ‘Team Pedri’. As pessoas falam que Lamine merece a Bola de Ouro ou Dembélé, mas eu teria dado a Pedri porque ser o maestro do Barça e da seleção espanhola é muito complicado”.

Fonte: AS España

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