Gianni Infantino, presidente da Fifa, sinalizou a possibilidade de realizar futuras edições da Copa do Mundo e do Mundial de Clubes fora do período tradicional de verão europeu. Ele defende que o Futebol mantenha uma “mente aberta” para ajustar o calendário de grandes torneios.






As discussões sobre o calendário pós-2030 estão em andamento, com a expansão de competições gerando apreensão. Uma força-tarefa foi criada na Fifa para analisar a questão. A escolha da Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034 levanta a expectativa de que o torneio seja realizado no inverno, seguindo o modelo do Catar em 2022. Infantino sugeriu que o esporte precisa se desvincular da ideia de que o verão europeu é o único momento adequado para o Futebol.
Debates sobre o calendário global
“Estamos discutindo isso o tempo todo”, declarou Infantino. “Não se trata apenas de uma Copa do Mundo, é uma reflexão geral. Jogar em alguns países europeus em julho pode ser muito quente. O melhor mês para o futebol, junho, não é muito aproveitado na Europa.”
“Talvez existam maneiras de otimizar o calendário, mas estamos debatendo e veremos quando chegarmos a algumas conclusões. Precisamos apenas manter a mente aberta”, acrescentou.
Infantino fez essas declarações à margem da assembleia geral da European Football Clubs (anteriormente European Club Association) em Roma. Ele já havia compartilhado ideias semelhantes com os cerca de 900 delegados, propondo “olhar para a globalização do calendário internacional de jogos”. O presidente da FIFA mencionou outubro e março como “meses em que se pode jogar em qualquer lugar”.
Uma reconfiguração tão drástica poderia gerar turbulências. A capacidade da FIFA de implementar suas decisões pode ser questionada se uma reclamação formal contra a imposição do calendário, apresentada à Comissão Europeia pela European Leagues, Fifpro e La Liga, resultar em procedimentos legais.

Expansão do Mundial de Clubes
A FIFA também avalia formas de expandir o Mundial de Clubes. Uma estrutura com 48 equipes é cogitada para a edição de 2029, possivelmente com um torneio pré-eliminatório para definir os 32 participantes finais. Infantino antecipou planos ambiciosos, afirmando que a FIFA “trabalhará para tornar este evento maior, ainda melhor e com mais impacto”.
A Espanha e o Marrocos despontam como favoritos para sediar a edição de 2029, que deverá ocorrer no verão. No entanto, outras candidaturas foram consideradas, incluindo um possível retorno rápido dos Estados Unidos e o interesse contínuo da China, que deveria sediar o torneio em 2021 antes da pandemia de Covid-19.
A entidade máxima do futebol considera realizar o Mundial de Clubes a cada dois anos após 2029. O Catar é um forte candidato para sediar uma edição em 2031, o que seria facilitado se a reestruturação proposta por Infantino for concretizada, pois uma realização no inverno seria inevitável.

Risco de jogos domésticos no exterior
Infantino alertou que qualquer movimento de longo prazo para realizar jogos de ligas domésticas em outros continentes representaria um “grande risco”. Na segunda-feira, a UEFA confirmou ter dado permissão para La Liga e Serie A realizarem partidas nos EUA e na Austrália, respectivamente, enfatizando que foram casos excepcionais. A aprovação final da FIFA é uma formalidade, mas Infantino expressou ressalvas.
“Temos uma estrutura com jogos em nível nacional, continental e global”, explicou. “Esta é a estrutura que fez do futebol o esporte número 1 do mundo. Se quisermos quebrar essa estrutura, corremos um grande risco. Se quisermos regulamentá-la, precisamos examiná-la e falar com todas as partes interessadas.”
“Acho que precisamos de uma reflexão mais global sobre o que queremos fazer. Queremos que todos joguem em todos os lugares e façam o que quiserem? Tudo bem, a FIFA é bastante forte nesse aspecto. Ou queremos ter um sistema regulamentado que leve em conta os interesses de todos em nível nacional, continental e de clubes, mas também a legitimidade de todos para organizar eventos e regular o esporte em seus próprios países?”
Entre outras novidades na assembleia da EFC, foi confirmada a volta do Barcelona à organização. O clube havia se retirado em 2021 após o projeto da Superliga, que liderou ao lado de Real Madrid e Juventus. O presidente da EFC, Nasser al-Khelaifi, brincou que a reaproximação foi formalizada durante uma “caminhada romântica”. A readmissão do Barcelona parece enfraquecer qualquer possibilidade de um ressurgimento do esquema da Superliga.
Fonte: The Guardian