O Vasco apresentou à Justiça o cronograma para o uso do empréstimo de R$ 80 milhões, que será disponibilizado pela Crefisa. A diretoria solicitou autorização, em petição enviada à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, para realizar a operação financeira. Por conta da recuperação judicial da SAF e do clube, a juíza responsável pelo processo precisa aprovar a movimentação.
Uso de R$ 70 milhões em outubro
No documento, o clube projeta a utilização de R$ 70 milhões, em duas parcelas, já neste mês de outubro. A primeira parcela, no valor de R$ 30 milhões, será efetuada em caráter de urgência assim que a autorização judicial for obtida. A segunda parcela, de R$ 40 milhões, tem previsão de ser paga até o dia 26 de outubro.
Posteriormente, haverá mais duas parcelas, de R$ 5 milhões cada, nos meses seguintes. Confira os detalhes do cronograma apresentado:
- 1ª Parcela: Desembolso de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), a ser efetuado imediatamente após o fechamento da operação, dependendo da urgente autorização judicial.
- 2ª Parcela: Desembolso de R$ 40.000.000,00 (quarenta milhões de reais) a ser efetuado até 26.10.2025.
- 3ª Parcela: Desembolso de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) a ser efetuado até 26.11.2025.
- 4ª Parcela: Desembolso de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) a ser efetuado até 22.12.2025.
Projeção de R$ 170 milhões em despesas
O recurso obtido será utilizado exclusivamente para despesas correntes, como salários, pagamento de fornecedores estratégicos e obrigações trabalhistas e fiscais, durante o processo de Recuperação Judicial. Até o fim do ano, o clube projeta um custo estimado de R$ 170 milhões para a manutenção de suas operações.
Os detalhes da projeção de custos incluem:
- Folha salarial de Futebol (masculino, feminino e base): R$ 94,5 milhões
- Manutenção de custos operacionais do Futebol: R$ 8,8 milhões
- Aquisição de direitos econômicos de atletas: R$ 34,7 milhões
- Tributos: R$ 11,9 milhões
- Despesas administrativas: R$ 19,8 milhões
- Total de custos: R$ 169,7 milhões
Em trecho do documento, o clube reforça a necessidade urgente da captação imediata de recursos para viabilizar a estabilização financeira. “A necessidade de pagamento destas despesas essenciais à manutenção das atividades das Recuperandas evidencia a necessidade de captação imediata de recursos, sendo certo que o fluxo de desembolso do DIP a ser contratado mediante autorização judicial prevê um fluxo de desembolso de aproximadamente R$ 70.000.000,00 (setenta milhões de reais) de outubro a dezembro de 2025, de modo a viabilizar a estabilização financeira da Vasco SAF no curto e médio prazo, assegurando a continuidade de suas atividades essenciais enquanto se avançam, paralelamente, as negociações com os credores no âmbito do plano de recuperação judicial e a resolução do litígio societário, em trâmite na esfera arbitral, com a 777 Carioca LLC”, detalha o documento.
Contexto da operação e escolha da Crefisa
Felipe Carregal, vice-presidente jurídico do Vasco, explicou que o fluxo de caixa da SAF foi comprometido pela 777 Partners e que o empréstimo era necessário para equilibrar contas sem alienar ativos importantes, como o jovem Rayan. A venda do atacante estava prevista nos relatórios entregues à Justiça para a recuperação judicial.
“O fluxo de caixa foi comprometido por dívidas assumidas de forma irresponsável pela 777, muitas delas com vencimento imediato. Por isso, o empréstimo — necessário para equilibrar as contas sem abrir mão da responsabilidade financeira — já estava previsto tanto no pedido de recuperação judicial quanto no plano apresentado. Essa necessidade foi exposta de forma clara e transparente em todas as apresentações internas realizadas antes da formulação do pedido de recuperação judicial, inclusive para conselheiros e demais poderes do clube. Nenhuma novidade, portanto”, afirmou Carregal.
Ele ainda complementou: “Sobre uma potencial negociação do Rayan para aliviar o caixa, vale ressaltar que a venda de jovens talentos do clube para pagar dívidas foi prática comum no passado. A atual diretoria, ao contrário, fez um esforço para manter o jogador, peça importante do elenco e ativo estratégico de longo prazo.”
Para chegar ao nome da Crefisa, o clube realizou um processo de concorrência e contatou cerca de 60 instituições financeiras. Segundo o presidente Pedrinho, a Crefisa apresentou as melhores condições e o bom relacionamento com José Lamachia, marido de Leila Pereira e dono da empresa, também foi um fator.
“Desde o início, no planejamento da recuperação judicial, já estava prevista a necessidade de um empréstimo para ajustar o fluxo de caixa e garantir que o clube pudesse honrar seus compromissos imediatos — com previsão de captação antes de outubro. No entanto, graças aos esforços pautados na responsabilidade financeira, conseguimos adiar essa captação o máximo possível, ganhando tempo para buscar a melhor alternativa no mercado”, explicou Pedrinho.
Fonte: Globo Esporte