A polêmica envolvendo Flamengo e a Libra extrapolou o campo judicial e se manifestou através de notas oficiais trocadas entre as partes. Nesta sexta-feira, a entidade divulgou um comunicado criticando a postura do clube carioca, que, na quarta-feira, havia enviado um material no formato “fato ou fake?” com questionamentos sobre as ações do grupo.
Libra acusa Flamengo de disseminar desinformação
Na nota oficial divulgada nesta sexta, a Libra direcionou críticas diretas ao Flamengo, acusando o clube de “disseminar desinformação” e de não buscar o diálogo. A entidade também assegurou que seu estatuto não apresenta omissões sobre os critérios de distribuição de receitas, contrariando alegações rubro-negras.
A entidade declarou em trecho da nota: “Questionar os fatos e distorcê-los para conseguir apoio midiático com base na desinformação é querer viver uma realidade paralela, de imposição econômica, sem qualquer fundamento coletivo. Uma visão antiquada e solitária”.
Por outro lado, o Flamengo defende que o estatuto da entidade é omisso quanto aos critérios de divisão de verbas e alega que uma liminar foi necessária para impedir que a verba fosse repassada com base em critérios não aprovados pela unanimidade, conforme prevê o próprio estatuto. O clube rubro-negro também refuta a ideia de que busca “virada de mesa” ou reverter condições contratuais.
Posicionamentos conflitantes sobre o diálogo e o Estatuto
A Libra, composta por 18 clubes, incluindo Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG, publicou em sua nota que o Flamengo interrompeu o diálogo ao entrar com a ação judicial, obstruindo o fluxo financeiro dos demais integrantes. A entidade afirma que o estatuto detalha a regra de distribuição de receitas e que esta foi aprovada por unanimidade, inclusive pelo próprio Flamengo.
Em contrapartida, o Flamengo, em sua nota, contesta a alegação de que o estatuto seja omisso, mas argumenta que os percentuais exatos de audiência dentro dos 30% destinados à essa fatia precisam ser complementados. O clube ressalta que propôs um cenário alternativo para divisão de receitas e buscou acordos com outros clubes, sem sucesso.
A Libra é formada por Palmeiras, Bragantino, São Paulo, Santos, Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Vitória, Remo, Paysandu, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa, Brusque e o próprio Flamengo, e tem como objetivo a comercialização coletiva de direitos de TV. O grupo criticou o uso de expediente liminar pelo Flamengo, argumentando que isso desnecessariamente impede discussões internas e sugere que o clube tem outros interesses.
Flamengo rebate críticas e detalha posições
Na nota “Fato ou Fake”, o Flamengo desmentiu diversas alegações, como a de não querer participar de uma liga, buscar “virada de mesa”, negar assinatura de contrato ou querer reverter condições. O clube reiterou que a questão central é a divisão dos 30% das receitas de transmissão de TV, ponto que, segundo o clube, carece de definição no estatuto.
O Flamengo afirma que a Globo realizou pagamentos de acordo com um cenário proposto pela Libra, o que o clube considera ilegal por ferir a regra da unanimidade. O clube também destacou que o estatuto prevê uma regra de transição que garante um valor mínimo a todos os clubes, corrigido pelo IPCA, e que, se seguida, o clube receberia mais de R$ 321 milhões em 2025.
A entidade, por sua vez, rebateu ponto a ponto, destacando que o Flamengo foi o único a votar favoravelmente a uma alteração na métrica de divisão de audiência para cadastro de torcedores, proposta que foi rejeitada pelos demais oito clubes da Série A presentes. A Libra concluiu sua nota dizendo que “o futebol brasileiro não tem um dono” e que “tem milhões de donos”.
Fonte: Globo Esporte