Vasco: Empréstimo da Crefisa exige aval da Justiça para venda da SAF

Empréstimo de R$ 80 milhões da Crefisa ao Vasco exige aprovação da Justiça e da instituição financeira para qualquer venda da SAF.
Pedrinho, presidente do Vasco, ao lado de Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Pedrinho, presidente do Vasco, ao lado de Leila Pereira, presidente do Palmeiras.
SP - SAO PAULO - 13/06/2024 - BRASILEIRO A 2024, PALMEIRAS X VASCO - Presidente Leila do Palmeiras e presidente Pedrinho do Vasco durante partida no estadio Arena Allianz Parque pelo campeonato Brasileiro A 2024. Foto: Anderson Romao/AGIF @romaofotos

O Vasco acertou um empréstimo com a Crefisa na quarta-feira. Por este financiamento, o clube só está autorizado a vender ou negociar a SAF em caso de anuência da instituição financeira. Como o clube e a SAF estão em recuperação judicial (RJ), a direção vascaína também precisaria de aprovação da Justiça.

Aprovação judicial e da Crefisa para negociar a SAF

A anuência da Crefisa é vista como normal pelo clube, na medida em que o credor precisaria saber de quem receberia o dinheiro em caso de uma venda do controle societário. O Vasco entende que qualquer financiador teria que ser comunicado, já que uma venda poderia afetar, de alguma forma, as condições e possibilidades de pagamento. Como o clube e a SAF estão em recuperação judicial, o Vasco também precisaria de uma autorização da juíza que cuida do processo para qualquer mudança no controle societário. A Justiça e a Administração Judicial (AJ) conjunta nomeada no processo de RJ também precisam aprovar a realização do empréstimo, assim como quaisquer outras movimentações, como antecipações de crédito ou receitas.

Pedrinho, presidente do Vasco — Foto: Mateus Bonomi/AGIF

No parecer enviado à Justiça na última semana, a Administração Judicial reconheceu a urgência do financiamento para garantir a continuidade das operações, mas apontou a necessidade do plano detalhado para a utilização dos recursos, exigido no próprio contrato de crédito. Entre os pontos destacados, a Administração Judicial cita que, por envolver 20% da SAF como garantia, a operação depende de aval do Conselho Deliberativo do Vasco, conforme o estatuto do clube.

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No documento, a AJ também explicita alguns “convenants”, que são os compromissos de contratos de financiamento ou empréstimos que servem para proteger os interesses dos credores. Entre eles, o Vasco se comprometeria a não modificar o grupo de controle da SAF e a estrutura societária sem a prévia autorização da Crefisa, até 8 de junho de 2026, como destacado no trecho abaixo do documento:

“Convenants: (i) manter atividade operacional regular e objeto social inalterado; (ii) sem prévia anuência do credor não poderá modificar a estrutura societária ou grupo de controle da SAF até 08.06.2026, nem distribuir lucros ou dividendos; (iii) apresentar mensalmente as informações e documentos contábeis não auditados referentes aos 2 meses anteriores; (iv) direito de preferência do credor para a concessão de novos financiamentos ou dívidas, nas mesmas condições propostas por terceiros, durante a vigência do presente instrumento”

Para conseguir o empréstimo, o clube abriu uma espécie de concorrência para escolher a instituição financeira que cederá cerca de R$ 80 milhões, dinheiro para despesas correntes como salários, fornecedores estratégicos e obrigações trabalhistas e fiscais. Havia outras instituições financeiras em disputa, mas as condições de negócio da Crefisa foram as melhores, no entender do Vasco. A direção pediu a autorização da Justiça, em petição enviada à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro há duas semanas, para a realização do empréstimo.

Pedrinho, presidente do Vasco, e Leila Pereira, presidente do Palmeiras — Foto: Anderson Romão/AGIF

Crefisa pode virar dona de 20% do Vasco?

O empréstimo prevê como garantia 20 mil ações ordinárias de classe A, equivalentes a 20% do capital social da Vasco SAF, atualmente de propriedade do CRVG. Essas ações fazem parte do ativo não circulante do clube e só podem ser utilizadas mediante aval judicial. Em contato com o vice-presidente jurídico do Vasco, Felipe Carregal, apurou-se que a direção vascaína escolheu os 20% do capital social da SAF, de propriedade do CRVG, como garantia para não comprometer futuras receitas do clube, como cotas de televisão, patrocínio ou vendas de atletas. Segundo Carregal, o valor de 20% de garantia não é baseado apenas nos R$ 80 milhões de empréstimo mais os juros que o Vasco ainda pagará.

“Em operações como essa, em que a devedora está em recuperação judicial, o valor da garantia oferecida sempre supera o montante financiado, considerando, naturalmente, o valor do empréstimo acrescido dos juros fixados e da devida correção. Importante destacar que garantia não é ‘valuation’ nem alienação. São Januário e outras sedes já foram oferecidas como garantia em diversas operações e execuções no passado”, disse.

Desta forma, os 20% da SAF do Vasco só seriam da Crefisa em caso de descumprimento das condições do empréstimo. O clube carioca tem 12 meses de carência e deve pagar em amortizações trimestrais e quitações em até 36 meses.

Processo de concorrência

Em contato com o clube, Pedrinho explicou o processo e disse que mais de 60 instituições financeiras foram ouvidas. Ele afirmou que a Crefisa foi a instituição que apresentou as melhores condições. O mandatário do Vasco citou o excelente relacionamento com o José Roberto Lamacchia, marido de Leila Pereira e dono da Crefisa.

“Desde o início, no planejamento da recuperação judicial, já estava prevista a necessidade de um empréstimo para ajustar o fluxo de caixa e garantir que o clube pudesse honrar seus compromissos imediatos, com previsão de captação antes de outubro. No entanto, graças aos esforços pautados na responsabilidade financeira, conseguimos adiar essa captação o máximo possível, ganhando tempo para buscar a melhor alternativa no mercado”, disse Pedrinho, para completar:

“Com esse objetivo, o Vasco, por meio de seus assessores financeiros, buscou o mercado e interagiu com mais de 60 instituições financeiras. Destas, 40 assinaram acordos de confidencialidade para discutir e aprofundar os detalhes das possíveis operações. Ao final do processo de negociação, foram recebidas cinco propostas firmes de financiamento, sendo a Crefisa a instituição que apresentou as melhores condições.”

Ao clube, Pedrinho revelou que a empresa também disponibilizou recursos para projetos incentivados da associação:

“Além do empréstimo, a empresa também disponibilizou recursos para projetos incentivados da associação, em uma parceria viabilizada pelo excelente relacionamento que mantenho com o Sr. José Lamacchia. Seguimos firmes, com responsabilidade e transparência, como sempre nos comprometemos junto à torcida vascaína.”

Fonte: Globo Esporte

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