A proposta de transformar o Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) enfrenta um obstáculo significativo devido à recente reforma do estatuto do clube. Os idealizadores da SAFiel apresentaram a iniciativa no Museu do Futebol, detalhando um modelo de gestão que prevê participação direta dos torcedores como acionistas.

Proposta de SAF e Conflito Estatutário
O projeto da SAFiel propõe a cisão entre o clube associativo e um novo CNPJ, onde os torcedores seriam acionistas. No entanto, o texto da Reforma estatutária, apresentado por Romeu Tuma Jr., estabelece que 51% do capital social de uma futura SAF deve permanecer sob controle do clube associativo. Essa determinação gera preocupação entre os proponentes da SAFiel.
Carlos Teixeira, um dos idealizadores, destacou que a exigência de controle majoritário pelo clube associativo pode afastar potenciais investidores institucionais. Segundo ele, a manutenção do comando associativo envia um sinal de desconfiança ao mercado, dificultando a entrada de capital sério.
– Na prática, se o clube associativo quiser deter a maioria das ações, manda um sinal para o mercado de que quer continuar no comando. E isso, na nossa visão, afasta e dificulta a entrada de capital, pelo menos o capital mais sério e institucional. Ele não quer riscos, né? Infelizmente, o clube associativo é o maior responsável pela situação ter chegado onde chegou. Dificilmente um investidor entraria nesse cenário, afinal de contas, não haveria uma mudança do eixo de controle da gestão – explicou.
Análise da Situação e Impacto no Futuro do Clube
Eduardo Salusse, outro membro do grupo SAFiel, reconheceu que o estatuto do Corinthians é antigo e repleto de contradições, mas minimizou as barreiras impostas. Ele ressaltou o poder da mobilização e do apoio dos torcedores para o avanço da proposta, citando o exemplo do Cruzeiro, que superou restrições semelhantes em assembleia para aprovar sua SAF.
– O estatuto o Corinthians é antigo, ruim, contraditório e cheio de lacunas, dá margem a várias interpretações. Eu sou de uma geração em que vale mais o olho no olho do que o que está no estatuto. Se tiver vontade, pouco importa o estatuto. O Cruzeiro tinha uma restrição similar à do Corinthians e se alterou na mesma assembleia em que se aprovou a SAF – concluiu.

Fonte: LANCE!