O confronto entre Botafogo e Santos em 13 de março de 1962, pela Taça Brasil, é lembrado como um dos ápices do futebol brasileiro. No Maracanã, diante de mais de 70 mil espectadores, o Santos de Pelé aplicou um sonoro 5 a 0 sobre o Botafogo de Garrincha e Zagallo, consolidando uma era dourada para o clube paulista.

O duelo colocava frente a frente dois gigantes: de um lado, o Santos, campeão paulista e base da futura seleção bicampeã mundial; do outro, o Botafogo, campeão carioca e recheado de estrelas. A partida, que prometia equilíbrio, transformou-se em um espetáculo de técnica, velocidade e entrosamento do time santista.
Primeiro tempo: Dorval e Pepe abrem o caminho
Apesar de o Botafogo tentar impor seu ritmo inicial com Garrincha e Amarildo, o santos rapidamente assumiu o controle da partida. Com Zito e Mengálvio dominando o meio-campo e Pelé articulando as jogadas, o time praiano trocou passes com precisão.
Aos 24 minutos, Dorval abriu o placar após grande jogada de Lima. O Gol desestabilizou o Botafogo, e o Santos aproveitou. Aos 39 minutos, Pepe ampliou com um chute potente de fora da área, definindo o placar do primeiro tempo em 2 a 0 para o santos.
Coutinho e Pelé completam o massacre
Na segunda etapa, o Santos manteve a intensidade. Aos 9 minutos, Coutinho marcou o terceiro, aproveitando um cruzamento de Dorval. A parceria entre Coutinho e Pelé, uma das mais temidas do mundo, funcionou em plenitude.
Aos 30 minutos, foi a vez de Pelé deixar sua marca, driblando o goleiro após lançamento de Zito. Cinco minutos depois, o Rei marcou o quinto, concluindo uma jogada coletiva com Coutinho e Lima, sacramentando a goleada histórica.
A atuação do Santos encantou o público, que assistiu a uma aula de futebol. O time de Lula, no auge, demonstrava uma força coletiva impressionante.
Pelé e a consagração no Maracanã
A partida solidificou a imagem de Pelé como protagonista em jogos decisivos. Com dois gols e participação em outros dois, o camisa 10 exibiu sua genialidade. Sua performance foi emblemática de um ano espetacular para Pelé, que ultrapassou a marca de 100 gols e conquistou a Libertadores e o Mundial Interclubes.
O Maracanã testemunhou um espetáculo do Santos, um time que ia além de um conjunto de craques. Gilmar, Mauro Ramos, Zito, Dorval, Coutinho, Pepe e Pelé formavam uma máquina perfeita.
Botafogo impotente diante da genialidade santista
O Botafogo, treinado por Marinho Rodrigues, não conseguiu conter o ritmo santista. A defesa, mesmo com nomes como Nílton Santos, sofreu com a movimentação dos atacantes. Garrincha tentou reagir individualmente, mas foi bem marcado.
O time carioca mostrou-se desorganizado, e o goleiro Manga evitou um placar ainda maior. A superioridade técnica do Santos, que vivia o auge de sua história, ficou evidente.
O peso histórico da goleada
A vitória por 5 a 0 foi um marco da hegemonia santista nos anos 1960. O time da Vila Belmiro conquistou a Mundial Interclubes naquele ano, tornando-se o primeiro clube brasileiro campeão do mundo.
Apesar da derrota, a base do Botafogo formaria a espinha dorsal da seleção brasileira campeã mundial em 1962. Contudo, naquela noite, o Santos provou ser o melhor time do mundo, com Pelé como seu maior expoente.
Ficha técnica – Botafogo 0 x 5 Santos na Taça Brasil 1962
Data: 13 de março de 1962
Horário: 21h00
Local: Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Público: 70.324 torcedores
Competição: Taça Brasil – fase nacional
Gols: Dorval (24′ 1º tempo), Pepe (39′ 1º tempo), Coutinho (9′ 2º tempo), Pelé (30′ e 35′ 2º tempo).
Botafogo: Manga; Rildo, Nílton Santos, Zé Maria e Ivan de Freitas; Édson de Assis e Airton; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Santos: Gilmar; Raul Calvet, Mauro Ramos e Dalmo; Zito, Mengálvio e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Fonte: LANCE!