San Diego FC: Filosofia e Comunidade Impulsionam Temporada Histórica na MLS

San Diego FC quebra recordes em sua temporada inaugural na MLS e mira o título da MLS Cup com uma filosofia de comunidade e desenvolvimento de talentos.
San Diego FC — foto ilustrativa San Diego FC — foto ilustrativa

O San Diego FC se prepara para sua primeira aparição nos playoffs da MLS neste domingo, ostentando com justiça o título de clube recordista. A equipe de expansão conquistou a Liderança da Conferência Oeste e estabeleceu novos recordes, com 19 vitórias e 63 pontos em uma única temporada para um time iniciante na liga. Como resultado, o San Diego FC será o mandante durante todo o período de playoffs e poderá sediar a MLS Cup, caso chegue à final e não enfrente o Philadelphia Union, líder do Supporters’ Shield.

Agora, o clube almeja um feito ainda maior: tornar-se o primeiro time de expansão a vencer a MLS Cup desde 1998, quando o Chicago Fire alcançou tal feito contra o DC United. O objetivo é claro: fazer história desde o primeiro ano.

Objetivo Ambicioso Desde o Início

“Para mim, este sempre foi o objetivo”, declarou Hirving “Chucky” Lozano em entrevista ao The Guardian. O Atacante mexicano de 30 anos, ex-PSV e Napoli, chegou a San Diego como o primeiro jogador designado do clube. Lozano esteve envolvido em uma polêmica recente, tendo sido afastado da equipe para a partida final da temporada regular, uma decisão do técnico Mikey Varas justificada como um “problema interno”. O jogador posteriormente se desculpou nas redes sociais, aludindo a um conceito que Varas havia mencionado em entrevista anterior sobre a importância do coletivo.

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“Acreditamos que nossa coletividade é nosso superpoder”, explicou Varas. “Dizemos a nós mesmos que estamos aqui para vencer, mas a forma como vencemos e com quem vencemos importa. E é assim que nos sentimos, no fundo do nosso DNA. Somos um time implacável, que não desiste e não para de jogar da maneira que deseja. E temos um espírito de luta, uma conexão constante.”

Estrelas e Jovens Talentos em Harmonia

Em San Diego, vencer não é apenas um resultado, mas uma característica intrínseca que se manifesta em lições diárias. Para isso, são necessários não apenas estrelas como Lozano, mas também jogadores talentosos que não recebem tanta atenção, como o experiente Volante panamenho Aníbal Godoy, o nativo de San Diego e jogador da seleção americana Luca de la Torre (emprestado pelo Celta de Vigo) e Anders Dreyer, o dinamarquês de 27 anos vindo do Anderlecht, que brilhou em sua primeira temporada na MLS. Dreyer somou 38 contribuições de gols (19 gols e 19 assistências), tornando-se o jogador com mais gols (17) e contribuições (27) fora de casa na história da liga. Recentemente, ele foi nomeado finalista para o prêmio de MVP da MLS.

O Elenco foi montado com base na filosofia cuidadosa de San Diego, que se fundamenta em análise de dados e no desenvolvimento de talentos locais. A estratégia principal é não apenas encontrar os jogadores certos, mas também lapidá-los.

Hirving Lozano em ação pelo San Diego FC
Hirving “Chucky” Lozano é a principal estrela do San Diego FC.

Academia Right to Dream: O Coração do Clube

“Nossa academia será o coração deste clube, e os jogadores formados aqui serão, idealmente, o coração deste clube”, afirma Tyler Heaps, gerente geral e diretor esportivo do clube, com apenas 34 anos, o mais jovem da liga em sua posição. “Isso deve facilitar muito o meu trabalho no futuro, pois teremos essa oportunidade de talento e desenvolvimento para esses jogadores, e então lhes daremos uma chance na equipe principal.” Heaps destaca jovens jogadores que já recebem minutos significativos, como os escolhidos na primeira rodada do draft, Manu Duah e Ian Pilcher, e o lateral-esquerdo de 19 anos Luca Bombino, emprestado pelo LAFC.

“Nosso estilo de jogo também é projetado para acomodar jogadores jovens”, acrescenta Heaps. “Está alinhado com aspectos da nossa forma defensiva e do nosso ambiente de treinamento, para garantir que as decisões sejam mais claras e fáceis de entender para nossos jogadores, permitindo que joguem por instinto e por tudo que lhes é ensinado desde cedo.”

A educação em San Diego FC, dentro e fora de campo, é liderada pela visão central: a academia de Futebol Right to Dream. Fundada em Gana em 1999 por Tom Vernon, a academia já formou mais de 100 jogadores profissionais, incluindo Mohammed Kudus, do Tottenham Hotspur e da seleção de Gana, e Simon Adingra, da Costa do Marfim, que se juntou ao Sunderland vindo do Brighton. A academia desempenha papéis cruciais em regiões como a Dinamarca, com o FC Nordsjælland, e no Egito, com o FC Masar, sendo a base fundamental por trás do San Diego FC. No mês passado, o moderno complexo da academia do clube, onde a equipe principal também treina, foi inaugurado em uma área de 28 acres em Sycuan tribal land, em El Cajon. É a primeira escola e academia integrada da liga na América do Norte, atendendo jovens a partir do ensino fundamental, onde cada atleta residente recebe uma bolsa de cinco anos, independentemente de seu desempenho, uma novidade para a MLS.

Jogadores jovens treinando na academia do San Diego FC
A academia Right to Dream é peça chave no desenvolvimento de jovens talentos.

Visão Cruzada e Identidade Regional

Heaps foi recrutado por Mohamed Mansour, sócio fundador e presidente do San Diego FC, que também é proprietário da Right to Dream através de seu escritório familiar no Reino Unido, Man Capital. Antes de ingressar na Right to Dream como chefe de recrutamento e inteligência, Heaps trabalhou no Monaco entre 2021 e 2023.

“Nossa visão é sobre desenvolvimento de caráter, desenvolvimento holístico, desenvolvimento de jogadores e de staff. É por isso que estou aqui”, afirma Heaps.

Os jogadores da academia, em sua maioria, vêm de San Diego e Tijuana, um celeiro de jovens talentos mexicanos. Em San Diego, onde mais de 30% da população é hispânica/latina, a maioria sendo mexicano-americana, a estratégia de recrutar através das fronteiras é vital tanto do ponto de vista futebolístico quanto cultural.

“O recrutamento americano/mexicano é crucial para o desenvolvimento de nossos jogadores e também para nosso clube, pois se identifica com a essência desta região inteira, que é essa conectividade transfronteiriça única e profunda”, diz Tom Penn, CEO do San Diego FC, que também foi cofundador do LAFC em 2014. “San Diego é essa cultura verdadeiramente única, que é genuinamente do sul da Califórnia, mas distinta de Los Angeles. Há um ritmo e uma qualidade de vida aqui que são únicos. Todos são gratos por isso, abraçam a diversidade das culturas aqui, e há um orgulho cívico real, e uma equipe esportiva pode unir toda essa comunidade em torno desse orgulho.”

Varas, que tem uma conexão pessoal com San Diego por ter conhecido sua esposa na cidade, concorda. “Eu conheço muito bem San Diego. Sei o quão criativa, o quão diversa, mas também o quão trabalhadora e competitiva ela é. Eles amam sua região, amam sua comunidade, e se você nasceu e foi criado aqui, ou se transplantou como eu e encontrou seu caminho para cá, você se apaixona por este lugar e faz grandes sacrifícios para ficar aqui.”

Para Lozano, nascido na Cidade do México e que se mudou para Pachuca aos 11 anos, a cultura de fronteira não é algo com que ele cresceu. No entanto, ele se sente em casa em San Diego e vê os enormes benefícios de fazer parte de um clube que representa fortemente duas culturas muito próximas. “Acho que [a região] é muito importante porque pode atrair muitos jogadores, já que há tanto talento nos EUA quanto no México, então aplicar essa combinação será lindo e atraente.”

Mas, para ele, a receita para o sucesso precisa de um resultado concreto. Primeiro, foi a temporada regular. Agora, vem o segundo objetivo: conquistar a MLS Cup. “Acho – e tenho fé – que podemos conseguir. Estamos no caminho certo”, afirmou Lozano. “Sempre pensei que poderíamos alcançar coisas importantes desde o início. Vim para cá por causa do projeto e de tudo que o cerca, da propriedade e de tudo mais, é maravilhoso e tudo isso me atraiu para vir a San Diego e é por isso que escolhi vir para cá.”

Fonte: The Guardian

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