Desde a sua ascensão à Primeira Divisão em 1998, o Valencia sempre ostentou a condição de principal clube da Comunidade Valenciana. Mesmo nos períodos de glória do Villarreal, com craques como Riquelme, Pires e Palermo, e com a conquista de uma vaga nas semifinais da Champions League, o clube che manteve sua hegemonia regional.
A Temporada 2019-20 como Divisor de Águas
Contudo, nos últimos anos, o Villarreal parece ter realizado um notável ‘sorpasso’ (ultrapassagem), tanto em termos de Classificação final na tabela quanto em participações europeias. Esse fenômeno teve um marco inicial claro: a temporada 2019-20. Neste período, dois eventos cruciais convergiram para o declínio do Valencia e a ascensão meteórica do Villarreal: a demissão de Marcelino García Toral (e Mateu Alemany) e o advento da pandemia de COVID-19. Sob o comando de Marcelino, o Valencia vivenciou duas temporadas classificadas para a Champions League (quarto lugar) e a conquista da Copa do Rei em 2019. O Villarreal, em contrapartida, terminou atrás do rival em ambas as campanhas.
A decisão de Peter Lim em demitir Marcelino em setembro de 2019 e, meses depois, a ordem de desinvestimento durante a pandemia, executada de forma desastrosa, marcaram um ponto de inflexão. Embora o Villarreal também tenha sentido os efeitos da crise sanitária, sua gestão soube capitalizar com vendas estratégicas e reinvenção do elenco, colhendo frutos notáveis. A partir da temporada 2019-20, o ‘Submarino Amarelo’ superou consistentemente o Valencia na tabela. Foram cinco classificações para competições europeias, incluindo duas para a Liga dos Campeões, e a celebração do primeiro título de sua história: a Liga Europa em 2021. O Valencia, por sua vez, não retornou a palcos europeus desde então.
Impacto Financeiro e Estratégico nas Transferências
Sob a ótica financeira, a diferença é gritante. Desde 2020, os dois clubes negociaram um volume expressivo de jogadores: o Valencia arrecadou 231,18 milhões de euros, enquanto o Villarreal acumulou 364,09 milhões. No entanto, o clube blanquinegro investiu apenas 53,77 milhões em seis anos, em contraste com os 282,32 milhões gastos pelo Villarreal. Essa disparidade resultou em um balanço positivo de 177,41 milhões para o Valencia e 81,77 milhões para o Villarreal, demonstrando a eficiência do Submarino em reinvestir seus lucros.
Mercado de Transferências na Temporada Atual
Na temporada atual, o Villarreal reafirmou seu domínio com contratações significativas. O clube anunciou a chegada de jogadores como Mikautadze (31 milhões de euros), Renato Veiga (24,50 milhões), Moleiro (16 milhões), Mouriño (10 milhões), Buchanan (9 milhões), Tani (8 milhões) e a cessão de Marín (1 milhão). Surpreendentemente, o Submarino Amarelo manteve um saldo positivo em suas transações, mesmo após negociar Baena e Barry. O Valencia, por sua vez, em uma de suas temporadas de maior investimento, contratou apenas Ugrinic (4 milhões), Copete (3 milhões), Santamaría (2 milhões) e contou com as cessões de Beltrán (1 milhão) e Julen (1 milhão).
Fonte: AS España