A Real Sociedad voltou a desperdiçar uma Vitória em sua visita ao Estádio de Balaídos. Apesar de jogar com vantagem numérica durante toda a segunda etapa, a equipe dominou, insistiu e criou inúmeras oportunidades, mas converteu apenas uma delas. O empate, conquistado apenas aos 89 minutos, deixa um gosto amargo e a classificação não mente: o time basco é o lanterna de LaLiga.
A falta de pontaria foi o principal problema enfrentado pela equipe. O Técnico Sergio Francisco lamentou ao final da partida: “Se você observar como foi o jogo todo, fomos superiores em termos de volume, mas as chances precisam ser convertidas em gols. Marcamos apenas um para esse empate no final, mas a sensação é que deixamos escapar a oportunidade de vencer”. Suas palavras apontam diretamente para a questão crucial.

Volume de jogo alto, mas pouca clareza ofensiva
A Real Sociedad tentou a sorte em 17 oportunidades, mas marcou apenas um Gol. O mapa de disparos revela que muitos desses chutes partiram de posições próximas à meta adversária. Apesar do grande número de tentativas, a qualidade delas sugere que o resultado esperado seria de um a dois gols. A equipe gerou lances, mas a escolha dos momentos para atacar poderia ter sido melhor. Sergio Francisco ressaltou a necessidade de mais tranquilidade: “Na situação em que nos encontramos, talvez nos tenha faltado um pouco mais de calma para levar a bola para fora e, a partir daí, atacar a área”.
A pressão pela classificação e os resultados negativos têm pesado. A Real Sociedad é a equipe que menos tempo passou em vantagem no placar em LaLiga, com apenas 5% do tempo. Em contrapartida, esteve perdendo por 40% dos minutos jogados, superada apenas por Mallorca e Oviedo nesse quesito. Essa condição força a busca incessante pelo ataque, muitas vezes resultando em disparos forçados e cruzamentos sem vantagem, o que compromete a clareza ofensiva.
Domínio territorial sem recompensa
O domínio territorial da equipe, ou seja, a posse de bola no último terço do campo em comparação com seus rivais, é outro aspecto relevante. O time de Sergio Francisco se vê frequentemente obrigado a pressionar o adversário para buscar viradas no placar. A força ofensiva da equipe é notável, com uma taxa de ataque de 55,5%, a quinta maior do campeonato, ficando atrás apenas de quatro dos cinco times que disputam a Champions League. No entanto, esse controle não se traduz em perigo efetivo, com falta de profundidade, ritmo interior e, principalmente, poder de finalização.

Estatísticas preocupantes: volume alto, eficácia baixa
A situação em Balaídos não é um incidente isolado. A Real Sociedad é o quarto time de LaLiga e o oitavo entre as cinco principais ligas europeias em número de chutes, equiparando-se ao Paris Saint-Germain. O problema reside na eficácia: apenas 6% dos seus 131 chutes resultam em gol. A taxa de um gol a cada 16,4 tentativas é pior do que a de apenas oito clubes entre os 96 analisados nas Big 5 ligas. A equipe dispara muito, mas não dispara bem, demonstrando avassaladora produção ofensiva sem a mesma capacidade de finalização.
Oyarzabal, reflexo dos problemas da equipe
Mikel Oyarzabal, o capitão, personifica o sintoma coletivo. Com 28 chutes, está entre os jogadores que mais finalizam nas principais ligas, atrás apenas de astros como Mbappé e Haaland. Ele gera um volume de gols esperados (xG) suficiente para ter marcado mais vezes, mas sua precisão está em baixa. A diferença entre o que deveria ter marcado (pouco mais de quatro gols) e o que marcou (dois, sendo um de pênalti) é uma das maiores do campeonato. Oyarzabal precisa de 14 chutes para marcar um gol, uma estatística superada apenas por Rashford entre os 10 maiores artilheiros em volume de chutes.
Embora demonstre toda a sua pontaria e precisão com a seleção espanhola, ele tem falhado em seu clube. Ele continua sendo o artilheiro da equipe, mas o baixo número de gols evidencia a crise de eficácia coletiva. Oyarzabal assume a responsabilidade ofensiva de um centroavante sem ser um, o que o penaliza. Sem um atacante de referência para fixar os zagueiros, ele precisa finalizar, assistir e sustentar o ataque. Seus chutes muitas vezes ocorrem em movimento ou de posições forçadas, reflexo de um time que necessita de mais clareza do que volume. As zonas de onde ele finaliza não são muito abertas, mas sim centradas e dentro da área. A falta de pontaria tornou-se uma obsessão em Anoeta. A produção ofensiva e o volume de chegadas são altos, mas o gol tem sido esquivo. Em jogos onde acumula o dobro de chutes do adversário, a equipe acaba empatando ou perdendo. A Real Sociedad precisa, portanto, não de mais chutes, mas de chutes melhores. Falta-lhe pontaria, confiança e uma estrutura ofensiva mais definida. Se esses pontos forem corrigidos a tempo, a situação da equipe pode melhorar.
Fonte: Marca