Um protesto incomum marcou o início da partida entre Barcelona e Girona neste sábado. Assim que o árbitro autorizou o começo do jogo, os 22 jogadores em campo permaneceram imóveis por 15 segundos. A ação dos atletas é uma manifestação contra a realização de um jogo do Barcelona em Miami, nos Estados Unidos, organizado pela la liga. Era esperado que os atletas do Barça não participassem do protesto, mas surpreenderam ao aderir à paralisação.
Entenda a polêmica
A ação coletiva foi organizada pela Associação Espanhola de Jogadores de Futebol (AFE), o sindicato que representa os atletas. O objetivo é manifestar a oposição à realização de uma partida entre Villarreal e Barcelona em Miami, marcada para dezembro. Outros protestos semelhantes podem ocorrer nas partidas do fim de semana.
Segundo a AFE, os jogadores não foram consultados sobre a iniciativa de levar um jogo oficial da La Liga para fora da Espanha. Em resposta à alegada “falta de transparência e diálogo da La Liga”, o sindicato organizou a manifestação, com a participação dos capitães dos clubes na maioria dos jogos da nona rodada. A exceção foi o confronto entre Barcelona e Girona, devido ao envolvimento direto dos clubes na polêmica.
A La Liga anunciou no início do mês que a partida entre Villarreal e Barcelona, válida pela 17ª rodada, seria disputada em 20 de dezembro no Hard Rock Stadium, em Miami. A entidade recebeu o aval da Uefa, apesar da oposição de seu presidente, Aleksander Ceferin, à realização de jogos fora dos países de origem dos campeonatos.
Ceferin declarou que “os jogos da liga devem ser disputados em casa” e que essa decisão seria excepcional, não um precedente. Ele enfatizou a importância de proteger a integridade das ligas nacionais e manter o futebol “ancorado em seu ambiente doméstico”.
Os clubes da La Liga expressam contrariedade há meses pela realização da partida nos Estados Unidos e exigem mais informações. A crise se intensificou após a recusa dos dirigentes da La Liga em comparecer a uma reunião convocada pela AFE e pelos capitães das equipes. A entidade patronal alegou conflito de agenda, enquanto os clubes consideram a oferta de outras datas insatisfatória.
A relação entre a AFE e a La Liga tem sido tensa desde o início da temporada. Um exemplo foi a negativa da entidade em adiar a estreia do Real Madrid no campeonato nacional após a participação no Mundial de Clubes, apesar do pedido por mais tempo de férias e pré-temporada.
O comunicado da AFE
A Associação Espanhola de Futebolistas (AFE), com o apoio dos capitães da Primeira Divisão Espanhola, anuncia que, durante todas as partidas correspondentes à nona rodada do Campeonato Espanhol da Liga Nacional da Primeira Divisão, no início de cada partida, os jogadores protestarão simbolicamente contra a falta de transparência, diálogo e coerência da LALIGA em relação à possibilidade de disputar uma partida da competição nos Estados Unidos.
O sindicato decidiu excluir da iniciativa os jogadores do FC Barcelona e do Villarreal CF, clubes que solicitam o projeto, apesar de compartilharem a posição subjacente e os pontos críticos. Isso evita que a ação de protesto seja interpretada como uma potencial medida contra qualquer clube.
Diante das persistentes recusas e propostas irrealistas da LALIGA, a Associação Espanhola de Jogadores de Futebol rejeita categoricamente um projeto que carece da aprovação dos principais atores do nosso esporte e exige que a associação patronal crie uma mesa de negociação onde todas as informações sejam compartilhadas e as características excepcionais do projeto sejam analisadas, as necessidades e preocupações dos jogadores de futebol sejam atendidas e a proteção de seus direitos trabalhistas e o cumprimento da regulamentação vigente sejam garantidos.
O posicionamento da La Liga
A entidade presidida por Javier Tebas afirma ter tentado agendar reuniões com os jogadores em três ocasiões, sem sucesso, e se declara disponível para discutir o assunto a qualquer momento. A La Liga ressalta os mais de 100 milhões de euros transferidos na última década do futebol espanhol para o sindicato.
A liga também contesta a responsabilidade pela venda de ingressos, que seria do promotor do evento. Sobre a falta de transparência, a La Liga alega ter apresentado o projeto de realizar partidas nos Estados Unidos em 2018 e ratificado o plano em 2020, com o objetivo de promover a marca do futebol espanhol. Tebas minimiza o impacto da medida, classificando-a como uma única partida entre 380 realizadas durante o ano, sem consequências para a lisura do campeonato.
Fonte: Globo Esporte