O ex-Técnico do Liverpool Women, Matt Beard, foi homenageado em um emocionante serviço memorial realizado na Catedral Metropolitana Católica de Liverpool nesta sexta-feira. Familiares, amigos, jogadoras e torcedores se reuniram na cidade que ele considerava seu lar para prestar as últimas honras a uma figura pioneira no Futebol Feminino.






Homenagem a um ícone do futebol feminino
Pessoas de diversas partes do mundo viajaram para participar da cerimônia, que celebrou a vida de Beard, falecido no último mês aos 47 anos. Sua esposa, Debbie, os filhos Harry e Ellie, e sua mãe, Margaret, estiveram presentes. Uma impressionante fila de 50 jogadoras atuais e ex-jogadoras, muitas que atuaram sob seu comando em clubes como Liverpool e West Ham, acompanharam o caixão, que estava coberto com dois cachecóis do Liverpool.
Mark Beard, irmão de Matt, descreveu-o em um discurso emocionado como uma “alma linda e uma personalidade única” que “sempre encontrava um jeito de fazer você rir e sorrir”. Ele relembrou a trajetória de Matt no futebol feminino, que começou após uma lesão encerrar sua carreira como jogador. Beard se tornou um dos treinadores “mais inspiradores” do esporte, passando por clubes como Millwall Lionesses, Chelsea, Liverpool (em duas passagens), West Ham United e Burnley.
Sob seu comando, Beard se tornou o técnico mais bem-sucedido do Liverpool Women, conquistando dois títulos consecutivos da Women’s Super League em 2013 e 2014. “Ele ganhou tudo o que havia para ganhar, mas mais importante que os títulos foi o que ele trouxe para as pessoas”, destacou Mark.

Saúde mental e o legado de Beard
A cerimônia também serviu como um momento de reflexão sobre saúde mental. O irmão de Matt prestou homenagem aos profissionais do hospital Countess of Chester e à cidade de Liverpool pelo apoio à família. “Por favor, por favor, por favor, que a passagem de Matt seja uma lição para todos nós”, disse ele. “Somos todos humanos, então sejamos mais atenciosos.”
Em vez de flores, a família solicitou doações a uma instituição de caridade de saúde mental. O programa do serviço incluiu contatos de serviços de apoio como Samaritans, National Suicide Prevention Helpline e Andy’s Man Club. A importância de buscar ajuda foi ecoada por figuras proeminentes do futebol.
A ex-técnica do Chelsea e atual comandante da seleção feminina dos Estados Unidos, Emma Hayes, a jogadora da seleção inglesa Lucy Bronze, e a jogadora do Liverpool Gemma Bonner estiveram entre os presentes. Ian Rush, maior artilheiro da história do Liverpool masculino, e Marc Skinner, técnico do Manchester United Women, também compareceram.
A comentarista Jacqui Oatley ressaltou a importância de Beard para a evolução do futebol feminino no país. “Matt era uma pessoa tão especial e foi tão significativo na evolução do futebol feminino neste país”, afirmou.
A ex-atacante do Liverpool e da Inglaterra, Natasha Dowie, que conquistou dois títulos da WSL sob o comando de Beard, compartilhou lembranças de seu carisma. “Como Matt será lembrado? Um sorriso atrevido, alguém que te fazia rir, um brilho nos olhos, um ‘E aí, querida’, um grande abraço, que te fazia sentir como um milhão de dólares. Ele era uma figura paterna… e tive muita sorte de ter jogado sob o comando dele”, disse.

Casey Stoney, técnica do Canadá e ex-jogadora do Liverpool, descreveu Beard como um homem “gentil, atencioso, engraçado, atrevido”, com um impacto real em todos que conheceu. Ela enfatizou que sua morte deve servir como um chamado para que todos no futebol reconheçam a importância de buscar ajuda. “Mas acho que o maior impacto que espero que as pessoas tirem disso é que somos todos humanos e todos precisamos de ajuda às vezes e todos precisamos conversar”, declarou Stoney. “Espero que as pessoas comecem a tirar tempo de suas vidas agitadas para estender a mão. Eu gostaria de ter feito mais isso.”
Ao final da cerimônia, o caixão de Beard foi levado para uma cerimônia privada, enquanto fãs entoavam o hino do Liverpool, “You’ll Never Walk Alone”. Para Michael Smith, torcedor do Liverpool Women, Beard era um técnico que fazia os fãs se sentirem parte de sua família, chegando a se juntar a eles em ônibus de torcida e distribuir camisas autografadas. “Ele era um ícone no futebol feminino e nesta cidade”, disse. “Mas ele era tão bom com todos que conhecia. Não era apenas um técnico, era como um amigo.”

Fonte: The Guardian